
Eis que o governador goiano Ronaldo Caiado resolveu jogar uma granada no debate político nacional — e sair andando como se nada fosse. Numa entrevista que está dando o que falar, ele não apenas criticou a condenação de Jair Bolsonaro pelo TSE como defendeu abertamente uma anistia ao ex-presidente.
Não foi um comentário qualquer. Foi daqueles que fazem os jornalistas quase engasgarem com o café — e os apoiadores bolsonaristas soltarem fogos. Caiado, que sempre manteve um equilíbrio quase cirúrgico entre o apoio e a distância crítica, agora parece ter escolhido seu lado na trincheira.
O discurso da 'pacificação'
O que ele argumenta, basicamente, é que o país precisa virar a página. E rápido. "Tem horas que a gente precisa olhar pra frente", soltou, com aquela cara de quem já viu muitas crises políticas passarem. A anistia, na visão dele, não seria sobre esquecer erros, mas sobre evitar que o país fique preso num loop eterno de retaliações.
Não é como se ele estivesse defendendo o indefensável — pelo menos não na sua narrativa. Caiado faz questão de frisar que não aprova tudo que Bolsonaro fez ou disse. Mas acredita que a condenação judicial, especialmente pela via eleitoral, cria um precedente perigoso.
As reações já começaram
Obviamente, a declaração não passou em branco. De um lado, os apoiadores do ex-presidente comemoraram como se fosse gol nos acréscimos. Do outro, críticos acusam Caiado de tentar blindar um político condenado por abuso de poder.
O mais interessante? O timing. Caiado soltou essa bomba num momento onde o próprio Bolsonaro parece ensaiar um retorno gradual à vida política — mesmo com os direitos políticos suspensos. Coincidência? Difícil acreditar.
O que isso significa na prática?
Vamos com calma. A anistia não é algo que um governador pode conceder sozinho. Seria preciso um projeto de lei no Congresso — e um clima político muito diferente do atual. Mas a simples defesa da ideia por uma figura moderada como Caiado já muda o jogo.
Ele basicamente está dizendo o que muitos políticos pensam, mas não têm coragem de falar em voz alta. Que a guerra política permanente está custando caro demais para o país.
Resta saber se outros seguirão o exemplo — ou se Caiado ficará isolado na sua cruzada pela 'pacificação'. Uma coisa é certa: o debate sobre até onde vai a responsabilidade política de um ex-presidente acaba de ganhar um capítulo novo.
E olha, ninguém esperava que o capítulo fosse escrito por um governador do agronegócio que, até então, parecia mais interessado em pragmatismo do que em guerras ideológicas. O Brasil político, como sempre, surpreendendo.