Numa daquelas cenas que só o Supremo Tribunal Federal proporciona, o advogado Cézar Bittencourt, que defende ninguém menos que o ex-governador Cid Gomes, soltou uma sequência de elogios de fazer corar até o mais seguro dos ministros. O alvo? Luiz Fux, que recebeu cumprimentos tão intensos que renderam piadas na hora.
E não é que Flávio Dino, sempre com aquela sagacidade característica, não deixou barato? Na lata, soltou: «A partir de agora não aceito nada menos que isso, hein!» — uma brincadeira que ecoou pelos corredores do plenário, aliviando a tensão que costuma pairar no ar.
Bittencourt, sem papas na língua — ou melhor, com todas as papas — chamou Fux de «eminência» e destacou sua «postura serena e equilibrada». Coisa fina, como se espera de um ministro do STF, mas dita com um fervor quase poético.
O contexto? Uma sessão que discutia — pasmem — a suspeição do ex-juiz e atual senador Sergio Moro. Aquela velha novela que todo mundo acompanha com pipoca, mas que no fundo envolve decisões capazes de abalar estruturas.
E no meio disso tudo, um momento de descontração. Algo raro, valioso — humano. Porque no fim das contas, por trás das togas e dos autos, ainda há espaço para um sorriso, uma gracejada, um elogio que beira o teatral.
Não é todo dia que se vê um advogado puxando o realejo do elogio com tanta convicção. E muito menos um ministro como Dino entrando na dança com uma resposta tão espirituosa. Isso sim é que é humanizar a justiça.
