
Parece que a tão aguardada viagem à Nova York para a Assembleia Geral da ONU, que começa na próxima semana, está dando mais dor de cabeça do que o esperado ao Planalto. Sabe aquele trâmite chato de visto? Pois é, para alguns ministros de Estado, ele se transformou num verdadeiro labirinto burocrático.
Informações que circulam nos corredores do Itamaraty dão conta que alguns titulares de pasta simplesmente não conseguiram – ainda – a permissão para entrar nos Estados Unidos. Um verdadeiro quebra-cabeça diplomático, não é mesmo? E olha que a gente está falando de nomes pesados do governo, hein? A situação é, no mínimo, constrangedora.
Enquanto isso, do outro lado do ringue geopolítico, a Casa Branca resolveu acirrar os ânimos com a Venezuela. Os americanos anunciaram, nesta sexta-feira, que atacaram e destruíram mais uma embarcação que, segundo eles, estava envolvida em tráfico ilegal. O barco, de bandeira venezuelana, foi o alvo da vez.
Não é de hoje que os EUA patrulham aquela área do Caribe com mão de ferro, alegando combater o narcotráfico. Mas cada ação dessas é como jogar gasolina na fogueira de uma relação que já não era nada boa. Imagina o clima que isso cria na iminência de um evento onde o mundo todo se reúne para, supostamente, promover a paz?
O timing de tudo isso é, no mínimo, curioso. A uma semana de líderes globais debaterem os rumos do planeta, os bastidores mostram que os atritos bilaterais e as ações unilaterais seguem a todo vapor. Uma contradição e tanto.
O que isso significa para a delegação brasileira? Bom, além do óbvio desconforto, joga uma luz sobre os complexos (e por vezes espinhosos) relacionamentos que o país precisa gerir. De um lado, a potência do Norte, com quem é preciso dialogar. De outro, um vizinho conturbado, numa região historicamente sob nossa influência.
Resta saber como esses dois fronts quentes vão ecoar nos discursos e nos encontros bilaterais em Nova York. Uma coisa é certa: a assembleia deste ano promete – e muito.