
O Brasil está vivendo um daqueles momentos diplomáticos que misturam otimismo cauteloso com realismo político. Enquanto Lula comemora avanços significativos nas Nações Unidas, o governo mantém os pés firmes no chão — e não é por acaso.
O fantasma de Donald Trump, que pode muito bem voltar à Casa Branca, paira sobre as decisões do Palácio do Planalto. É como dançar valsa num campo minado: cada movimento é calculado, cada sorriso diplomático vem com um plano B engatilhado.
As Conquistas Que Ninguém Esperava
Olha só que reviravolta: depois de anos de isolamento internacional, o Brasil conseguiu emplacar não uma, mas várias vitórias na ONU. A equipe diplomática brasileira — que muitos davam como ultrapassada — mostrou que ainda tem cartas na manga.
Entre os principais avanços:
- O reconhecimento do papel do Brasil na mediação de conflitos internacionais
- A aprovação de resoluções sobre desenvolvimento sustentável com a marca brasileira
- O fortalecimento de alianças estratégicas que estavam meio esquecidas
Mas cá entre nós: ninguém no Itamaraty está comemorando como se não houvesse amanhã. A experiência ensinou que em política internacional, hoje você está em alta, amanhã pode estar na vala.
O Elefante na Sala Chamado Trump
O que mais preocupa os estrategistas brasileiros? A imprevisibilidade do ex-presidente americano. Trump não é exatamente o que se pode chamar de parceiro diplomático convencional — e todo mundo sabe disso.
"É como tentar prever o tempo em Plutão", brincou um diplomata experiente, que preferiu não se identificar. "Com outros líderes, você tem alguma noção do que esperar. Com Trump, tudo pode acontecer."
O governo Lula está seguindo uma estratégia interessante: conquistar o máximo possível agora, enquanto a janela de oportunidade está aberta, mas sem queimar pontes com possíveis futuros governos americanos. É um equilíbrio delicadíssimo.
Por Que a Cautela é Necessária
Quem viveu os anos Trump sabe que a política externa americana pode dar voltas de 180 grais da noite para o dia. Uma decisão tomada num tuíte matinal pode desfazer anos de trabalho diplomático.
- As alianças são voláteis: O que é importante hoje pode ser irrelevante amanhã na visão trumpista
- Os acordos têm prazo de validade curto: Compromissos assumidos podem ser descartados como se nada tivesse acontecido
- A imprevisibilidade reina: Ninguém — nem os assessores mais próximos — sabe o que virá pela frente
O Brasil aprendeu da maneira mais dura que, em relações internacionais, é melhor prevenir do que remediar. E depois da montanha-russa emocional que foram os últimos anos, ninguém quer surpresas desagradáveis.
A verdade é que o governo está jogando xadrez enquanto muitos ainda pensam em damas. Cada movimento nas Nações Unidas é pensado considerando múltiplos cenários futuros — incluindo aquele em que Trump volta a comandar a superpotência.
No fim das contas, a diplomacia brasileira parece ter aprendido com os erros do passado. Está construindo pontes, mas mantendo os salva-vidas por perto. Porque quando se trata de relações internacionais — especialmente com figuras imprevisíveis como Trump — é melhor ter planos B, C e D na gaveta.