
Nova York espera. E o presidente Lula chega à cidade que nunca dorme com uma mala cheia de assuntos espinhosos para discutir. A 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas não será, definitivamente, um passeio turístico.
O que está em jogo? Praticamente tudo. Desde a eterna questão palestina — aquela ferida que nunca sara — até a urgência climática que grita por ações concretas, passando pela defesa intransigente da democracia. Um prato cheio para um veterano da política como Lula.
Uma Agenda que Não Pode Esperar
O Palácio do Planalto confirmou a viagem, é claro. Entre os dias 22 e 26 de setembro, o presidente estará imerso num turbilhão de reuniões bilaterais e discursos. A primeira parada? Um fórum de alto nível sobre cooperação sul-sul, porque o mundo não se faz apenas de potências tradicionais.
Mas é no grande palco da ONU que Lula deve soltar a voz. Sua fala está marcada para terça-feira, dia 23. A expectativa é grande. O que ele dirá sobre o conflito entre Israel e Hamas? Como articulará a defesa de um Estado palestino sem alienar outros atores? São perguntas difíceis, que exigem jogo de cintura.
Os Temas Quentes da Vez
Não é segredo para ninguém que Lula adora um debate sobre governança global. Desta vez, a reforma do Conselho de Segurança da ONU deve voltar à tona — um cavalo de batalha antigo do Brasil, que se vê como candidato natural a um assento permanente.
E o clima? Ah, o clima… Um tema que une e, ao mesmo tempo, divide. O presidente deve enfatizar a necessidade de os países ricos — os maiores poluidores históricos — bancarem a transição verde das nações em desenvolvimento. Justiça climática, eles chamam. Soa bem, mas será que vão comprar a ideia?
Por falar em justiça, a defesa da democracia será outro pilar do discurso. Num mundo onde autoritarismos avançam sorrateiramente, Lula pretende posicionar o Brasil como um baluarte das liberdades. Uma tarefa hercúlea, considerando as tempestades políticas recentes por aqui.
Além dos Discursos: Os Encontros nos Bastidores
A verdadeira diplomacia acontece longe dos holofotes. Reuniões bilaterais estão sendo costuradas a toque de caixa. Com quem? O Itamaraty é reticente em adiantar nomes, mas é quase certo que haverá conversas com líderes de potências do Sul Global.
O presidente viaja acompanhado de uma comitiva enxuta, mas estratégica. Os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Marina Silva (Meio Ambiente) estarão ao seu lado. Uma dupla que mostra bem os eixos da agenda: o tradicional e o emergente.
Resta saber se as palavras se traduzirão em ações. Nova York é um palco magnífico, mas o mundo real espera do outro lado do discurso. Lula, com sua experiência, sabe disso melhor do que ninguém.