
Eis que, em um daqueles movimentos que deixam até os analistas mais experientes coçando a cabeça, o Irã decidiu reabrir suas portas — algumas delas, pelo menos — aos fiscais nucleares da ONU. Não é todo dia que se vê uma guinada dessas, ainda mais depois de tanta tensão acumulada.
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), aquela que não perde um detalhe quando o assunto é fissão nuclear, finalmente conseguiu costurar um entendimento com Teerã. E olha, não foi pouco. O acordo, anunciado neste domingo (4), permite que os inspetores acessem locais estratégicos — incluindo um complexo de enriquecimento de urânio em Fordow — e até reinstalem câmeras de monitoramento que estavam, digamos, "desconectadas" desde o ano passado.
Rafael Grossi, o diretor-geral da AIEA, não escondeu certo alívio. Num tom quase de quem recupera um fôlego perdido, ele classificou o entendimento como "significativo". Mas será que é suficiente? A comunidade internacional, é claro, segue com um pé atrás. O programa nuclear iraniano sempre foi um quebra-cabeça cheio de peças faltando — e ninguém quer ser pego de surpresa.
Ah, e não se engane: por trás dessa aparente abertura, há um jogo político complexo. O Irã vive sob sanções económicas duríssimas, e flexibilizar a vigilância pode ser uma jogada para aliviar a pressão. Será uma manobra tática? Um gesto de boa vontade? Só o tempo — e talvez algumas imagens de câmeras de vigilância — dirão.
Enquanto isso, o mundo observa. E torce para que câmeras e relatórios sejam suficientes para manter a paz — e a segurança global — intactas.