
O placar da diplomacia global ficou marcado por mais um nó difícil de desatar. Nesta terça-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas foi palco de uma decisão solitária e, pra muitos, bastante controvertida. Sozinhos contra todos, os Estados Unidos apertaram o botão de veto e barraram na veia uma resolução que pedia um alto imediato às hostilidades em Gaza.
O texto, proposto pela Argélia, carregava um apelo urgente por um cessar-fogo humanitário. A ideia era dar um fôlego – nem que fosse mínimo – pra uma população civil que já está no limite do suportável. Mas Washington não comprou a ideia. Justificativa? Alegaram que a medida poderia atrapalhar negociações sensíveis que já estariam rolando nos bastidores.
E não deu outra. A sala do Conselho virou um caldeirão de opiniões fortes. O embaixador argelino, Amar Bendjama, não segurou a língua. Disse que vetar o cessar-fogo é, na prática, "autorizar que o derramamento de sangue continue". Palavras duras, que ecoaram pelo salão.
O Isolamento Americano e a Reação Britânica
O curioso – e talvez mais revelador – foi ver o isolamento político dos EUA na jogada. Treze dos quinze países do Conselho votaram a favor da parada dos combates. A Grã-Bretanha, aliada tradicional, se absteve. Não apoiou, mas também não endossou o veto americano. Ficou naquele fogo cruzado, típico de quem não quer queimar o filme com ninguém.
O representante britânico tentou equilibrar a equação. Reconheceu que Israel tem, claro, o direito legítimo de se defender. Mas também jogou verde: lembrou que é preciso cuidar pra não piorar ainda mais uma crise humanitária que já é, convenhamos, dramática.
O Jogo de Xadrez por Trás do Veto
Os americanos, por sua vez, tentaram emplacar uma narrativa alternativa. A embaixadora Linda Thomas-Greenfield defendeu que a administração Biden está trabalhando num acordo próprio. Algo "mais abrangente", que não só parasse os tiros, mas também garantisse a libertação de reféns mantidos pelo Hamas.
Mas a estratégia soou, pra muitos ouvidos, como um jogo de ganhar tempo. Um adiamento perigoso, enquanto as bombas continuam caindo. A Rússia, sempre pronta pra cutucar os rivais, não perdeu a chance. Acusou os EUA de darem carta branca para que Israel continue sua ofensiva, sem freios e sem pressa.
O resultado? Mais uma rodada de discussões que terminou em pizza. E Gaza, lá embaixo, segue pagando o preço mais alto. A impressão que fica é a de que a geopolítica, às vezes, parece um jogo de xadrez onde as peças são vidas humanas. E isso, convenhamos, é de cortar o coração.