
Não é todo dia que uma das maiores universidades do país resolve entrar no ringue da política internacional. Mas quando a USP fala, o Brasil escuta — e dessa vez, o assunto é quente.
Nesta sexta-feira (25), a Universidade de São Paulo soltou um manifesto que tá dando o que falar. O alvo? As famigeradas tarifas comerciais impostas pelo governo Trump, que continuam reverberando — pasme — mesmo depois de seu mandato.
O que diz o documento?
O texto, assinado por um time pesado de economistas e pesquisadores, não economiza nas críticas. "Uma facada nas costas do livre comércio", diz um trecho. Outro alerta: "O Brasil não pode ficar refém de decisões unilaterais que ignoram décadas de acordos multilaterais".
Entre os pontos mais polêmicos:
- Projeção de perda de até US$ 2,5 bilhões nas exportações brasileiras até 2026
- Risco real de desindustrialização precoce em setores estratégicos
- Efeito dominó em cadeias produtivas inteiras — do aço ao suco de laranja
Por que isso importa agora?
Timing é tudo. O manifesto surge num momento delicado, quando o governo brasileiro negocia — ou tenta negociar — novos termos comerciais com os EUA. "É um tiro no pé", opina a professora Marina Lopes, uma das autoras. "Quando países grandes fecham as portas, quem sofre somos nós, países em desenvolvimento."
Curiosamente, o documento não se limita a criticar. Apresenta também três caminhos alternativos, incluindo uma proposta ousada de diversificação de mercados. "Ásia e África não são planos B, são oportunidades A+", defende o texto.
E aí, será que alguém em Washington vai ler? Difícil dizer. Mas uma coisa é certa: quando a academia resolve falar de comércio exterior, é melhor todo mundo prestar atenção. Até porque, como bem lembrou um dos pesquisadores, "em guerra comercial, não há vencedores — só perdedores em escalas diferentes".