Empresariado Brasileiro Vira Peça-Chave no Jogo Diplomático entre Brasil e EUA
Setor privado na reaproximação Brasil-EUA

Pois é, quem diria que os corredores do poder em Brasília e os gabinetes luxuosos em São Paulo teriam tanto a dizer sobre o futuro da nossa relação com os Estados Unidos. A coisa não é mais só papo de embaixador e chancelaria, não. O setor empresarial brasileiro, aquele que segura a ponta da economia no dia a dia, resolveu botar o pé na arena geopolítica.

E não é de hoje. Desde que o governo Lula voltou ao Planalto, um movimento silencioso — mas firme — começou a ganhar forma. Líderes de grandes conglomerados, federações e associações de classe perceberam que a reaproximação com os yankees não podia ficar só na mão do Itamaraty. Era preciso uma força-tarefa. Uma articulação que mostrasse, na prática, os benefícios de uma parceria forte.

Os Encontros Discretos que Estão Mudando o Jogo

Em reuniões que mais parecem cenas de um thriller político, executivos de peso têm se encontrado com autoridades de ambos os países. O objetivo? Destravar agendas, desfazer mal-entendidos e, claro, abrir portas para novos negócios. Eles atuam como uma espécie de soft power trajando terno e carregando spreadsheet.

O interessante é que essa estratégia tem duas frentes. Uma, óbvia, é a econômica: facilitar acordos comerciais, reduzir barreiras tarifárias e atrair investimentos. A outra, mais sutil, é política: construir uma narrativa de confiança e estabilidade perante os americanos. Afinal, nada convence mais um investidor do que a palavra de quem coloca a mão na massa — ou no capital.

Não é Só Sobre Dinheiro, Mas Quase

Claro que o interesse comercial é o motor principal. Setores como agronegócio, tecnologia e energia verde estão na linha de frente. Mas a conversa vai além. Questões ambientais, tão caras ao governo Biden, têm sido um ponto de convergência inesperado. Grandes empresas brasileiras estão usando suas credenciais de sustentabilidade como moeda de troca valiosa.

— É uma dança complexa, com muitos passos — comenta um insider que preferiu não se identificar. — De um lado, mostramos que o Brasil é sério. Do outro, pressionamos por um tratamento justo. É um jogo de xadrez onde o tabuleiro é o Atlântico.

Os resultados? Ainda preliminares, mas promissores. Canais de diálogo que estavam emperrados há anos começam a mostrar sinais de vida. E o mais curioso: essa diplomacia paralela, feita por quem entende de lucro e prejuízo, está conseguindo desobstruir vias que a diplomacia tradicional, com seu protocolo e cautela, não conseguia.

Resta saber se essa ponte construída pelo setor privado será forte o suficiente para aguentar as intempéries políticas de ambos os lados. Mas uma coisa é certa: os empresários brasileiros não estão mais dispostos a ficar de espectadores. Eles entraram no jogo. E, pelo visto, vieram para ganhar.