
Eis que a política brasileira nos apresenta mais um daqueles capítulos imprevisíveis — daqueles que deixam até os mais experientes analistas coçando a cabeça. Celso Sabino, o ministro do Turismo, resolveu fazer das suas e declarar, com todas as letras, que continua apoiando as iniciativas de Lula. Sim, o mesmo Lula que preside o país.
E olha que a coisa não é tão simples quanto parece. O partido dele, o União Brasil, acabou de oficializar sua saída da base governista. Uma decisão partidária, coletiva. Mas Sabino — ah, Sabino! — decide seguir um caminho próprio. Quase uma declaração de independência particular dentro do próprio governo.
Um ministro, duas lealdades?
O que se vê aqui é daqueles cenários que misturam lealdade partidária com convicção pessoal. Enquanto o União Brasil puxa o tapete do apoio oficial, Sabino agarra-se ao microfone e garante: "Minha orientação política continua sendo a de apoiar as iniciativas do presidente Lula".
Não é todo dia que vemos um ministro publicamente alinhar-se com o presidente contra a orientação do próprio partido. Isso tem sabor de rebeldia institucional — ou talvez seja apenas mais um dia normal na política brasileira.
E agora, José?
O grande questionamento que fica pairando no ar é simples: como fica a relação entre o ministro e sua legenda? E mais importante — como o Planalto recebe essa declaração de apoio solitário?
Sabino, é claro, tentou suavizar a situação. Disse que mantém "diálogo permanente" com a presidência e que segue trabalhando normalmente. Mas entre as entrelinhas, percebe-se uma tensão que não será resolvida com conversas cordiais.
O União Brasil já havia sinalizado que sua saída era irreversível. A decisão foi tomada após reunião da executiva nacional — ou seja, não foi um rompimento por impulso. E ainda por cima deixaram claro que a saída dos ministros seria "negociada".
Pois é. Enquanto o partido negocia desembarques, Sabino parece ter decidido que seu lugar é exatamente onde está: no ministério, apoiando Lula.
Resta saber por quanto tempo essa equação peculiar se sustentará. Porque na política, como na vida, ninguém consegue servir a dois senhores por muito tempo.