
O clima em Brasília está mais tenso do que torcedor de time pequeno no clássico. Arthur Lira, o chefão da Câmara e notório oposicionista, soltou os cachorros contra o governo Lula nesta sexta-feira — e o alvo foi duplo: o tal do "tarifaço" e o que ele chama de "descaso" com a política externa.
Numa fala que misturava indignação genuína com aquela pitada de cálculo político (porque em Brasília nada é por acaso), Lira disparou: "O governo federal virou especialista em criar problemas e depois fingir que não foi com ele". E olha que ele nem citou os R$ 1,20 do pãozinho ainda.
O X da Questão: Tarifas que Doem no Bolso
Segundo o deputado — que parece ter acordado com o pé esquerdo e decidido levar a Câmara junto —, o aumento generalizado de tarifas sob o governo Lula está "estrangular" o contribuinte. "É imposto aqui, taxa acolá, e no fim quem segura a bomba é o Zé Povinho", resumiu, com aquela eloquência típica de quem sabe que o microfone está aberto.
E não para por aí. Lira soltou uma pérola que já está circulando nos grupos de WhatsApp: "Até parece que o governo acha que dinheiro nasce em árvore — mas a árvore é o contribuinte, e ela já está sem folhas". Duro? Pois é, mas tem quem diga que ele até segurou os cachorros.
Diplomacia: O Outro Front da Crítica
Se no econômico o tom foi de indignação, na política externa o recado foi mais sutil — mas não menos cortante. Na visão do líder da Câmara, o Itamaraty anda "desprezando décadas de construção diplomática" por conta de "decisionismos" sem pé nem cabeça.
"Tem hora que parece que estamos jogando xadrez diplomático movendo as peças com os olhos fechados", comparou Lira, deixando no ar aquela pergunta: será que o Palácio do Planalto tem um plano, ou está improvisando no susto?
E aqui vai um detalhe que não é detalhe: as críticas vêm justamente quando o governo tenta equilibrar relações com potências ocidentais e parceiros do BRICS. Coincidência? A oposição garante que não.
E Agora, José?
Enquanto isso, nos corredores do Congresso, o burburinho é unânime: as críticas de Lira não caíram no vazio. Alguns aliados do governo até tentaram minimizar — "é só retórica eleitoral antecipada", dizem —, mas até os mais fiéis admitem: o timing não poderia ser pior.
Com a inflação dando sinais de que não vai embora tão cedo e o dólar fazendo yoga (sobe, desce, alonga), o governo precisa decidir se engole as críticas ou se entra no ringue. Porque uma coisa é certa: Arthur Lira não é daqueles que fala e some. Ele fala, repete, e se preciso, coloca a Câmara pra votar.
E você, acha que é tempestade em copo d'água ou o começo de uma crise mais séria? No meio desse jogo de xadrez político, só temos certeza de uma coisa: o próximo lance é do Planalto.