
Numa jogada que mistura diplomacia e pragmatismo, o ministro da Economia, Fernando Haddad, decidiu cortar pela raiz qualquer ilusão de mão única nas relações comerciais com os Estados Unidos. "Reciprocidade não é só palavra bonita - é condição básica", disparou, após o ex-presidente americano Donald Trump insinuar possibilidade de diálogo.
O clima, digamos, é de cautela otimista. Enquanto analistas especulam sobre o impacto de uma eventual volta de Trump ao poder, Haddad - com aquela postura típica de quem já viu muita coisa - deixou claro que o Brasil não vai se contentar com migalhas. "Já passamos da fase de acenos vazios", completou, num tom que misturava cansaço com firmeza.
O jogo das expectativas
Eis a questão que tá pegando: será que dessa vez vai ser diferente? Trump, conhecido por seu estilo imprevisível (para não dizer volátil), já havia colocado o Brasil na mira durante seu mandato - lembra das tarifas do aço? Pois é, trauma recente.
Por outro lado, Haddad parece ter aprendido a lição. Em vez de discursos inflamados, optou por uma abordagem mais... digamos, matemática:
- Não adianta abrir nosso mercado se lá continuam com barreiras
- Acordos precisam beneficiar os dois lados - não é caridade
- O agro brasileiro não pode ser moeda de troca política
Numa daquelas ironias que só a política proporciona, o ministro - muitas vezes criticado por suposto alinhamento ideológico - acabou defendendo posição que até os mercenários do agronegócio aplaudiram. Quem diria, hein?
Entre linhas e interesses
O que muita gente não percebe é que esse pingue-pongue retórico esconde um jogo muito mais complexo. Enquanto Trump mira reeleição e precisa mostrar força, o Brasil - ah, o Brasil - tenta navegar entre:
- Dependência comercial histórica
- Necessidade de diversificar parceiros
- Pressões internas de setores estratégicos
"Tá na hora de virar o jogo", comentou um assessor do ministério, sob condição de anonimato. E pelo visto, Haddad concorda. Resta saber se o possível futuro inquilino da Casa Branca vai topar jogar com as mesmas regras.
Uma coisa é certa: depois dessa fala, ninguém pode dizer que não foi avisado. O Brasil parece disposto a negociar - mas não a qualquer preço. E aí, será que o Tio Sam vai entender o recado?