
O clima em Brasília está mais quente que o habitual nesta segunda-feira. E não é por causa do tempo seco. A notícia que correu os corredores do Congresso e as redes sociais foi a decisão tomada por dois partidos de peso, União Brasil e PP, de deixarem oficialmente a base de apoio ao governo.
Gleisi Hoffmann, aquela que comanda o PT nacional, não ficou sabendo por terceiros. Foi direta e reta na resposta, como é do seu feitio. A reação dela? Algo entre um «que venham os que ficarem» e um encolher de ombros com ares de quem já esperava por isso.
«Ninguém é obrigado a ficar no governo», disparou, sem rodeios. A frase, curta e afiada, ecoa uma mistura de pragmatismo político e uma pitada daquela famosa resiliência petista. Mas não pense que foi um simples «tchau e bença». Houve contexto, claro.
O Jogo de Poder que Ninguém Contava
O União Brasil, que tem uma bancada nada desprezível, puxou a fila. O PP, outro partido com musculatura no Legislativo, seguiu o mesmo caminho. Juntos, são votos que fazem falta, influência que pesa. A justificativa oficial ainda está sendo costurada nos bastidores, mas o mal-estar com a distribuição de cargos e a condução de algumas pautas parece ser o cerne da questão.
Mas Gleisi, experiente como poucos nesse xadrez político, já tinha na manga uma carta de tranquilidade. «A base governista continua sólida», garantiu, deixando claro que a saída de alguns não significa o desmonte de tudo. Será?
E Agora, José?
O que isso significa na prática? Bom, o governo perde uma penca de votos garantidos. Em um Congresso fragmentado como o nosso, cada voto é um drama, cada apoio, uma negociação que pode durar semanas. A governabilidade, essa palavra tão bonita e tão frágil, fica um pouco mais capenga.
Por outro lado, a saída pode abrir espaço para uma reorganização. Quem fica ganha mais força. Quem sai, perde influência direta. É uma aposta de alto risco—um jogo de pôquer onde ninguém mostra totalmente as cartas.
O recado de Gleisi foi claro: o barco segue, com ou sem eles. A pergunta que fica é: quem mais vai pular fora—ou quem vai querer entrar agora que há espaço na mesa?