João Doria adverte sobre "tarifação" e desafios econômicos do Brasil em entrevista exclusiva
Doria alerta sobre riscos da "tarifação" à economia brasileira

Numa conversa que misturava análise afiada e um tom quase profético, João Doria não economizou palavras ao pintar um cenário preocupante para a economia brasileira. O ex-governador de São Paulo — aquele mesmo que sempre falou o que pensa, custe o que custar — deu uma entrevista que parece um misto de alerta e chamado à ação.

"O Brasil não pode ficar de braços cruzados", disparou, com aquela intensidade que já conhecemos. Segundo ele, o país está prestes a enfrentar um período turbulento no comércio exterior, com possíveis retaliações que poderiam "pegar todo mundo no contrapé".

O fantasma da tarifação

Doria foi direto ao ponto ao falar sobre o que chamou de "tarifação" — um termo que, nas palavras dele, esconde mais do que revela. "Não é só sobre números e porcentagens", explicou, enquanto gesticulava como quem tenta mostrar a gravidade da situação. "É sobre empregos, sobre famílias, sobre o futuro que a gente quer construir."

O ex-governador, que sempre teve um pé no setor privado, trouxe exemplos concretos. Citou desde o pequeno exportador de café até as grandes montadoras, todos potencialmente afetados por medidas que, na visão dele, poderiam "vir como um tsunami" se não forem antecipadas.

Reação em cadeia

O que mais preocupa? Segundo Doria, o efeito dominó. "Quando um grande parceiro comercial espirra, o Brasil pode pegar uma pneumonia", comparou, com aquela mistura de humor ácido e seriedade que marca seu estilo. Ele alertou para possíveis retaliações setoriais que poderiam afetar desde o agronegócio até a indústria de transformação.

Mas nem tudo são nuvens escuras no horizonte. O ex-governador também apontou caminhos — alguns polêmicos, como era de se esperar. "Temos que ser pragmáticos", defendeu, sugerindo uma abordagem que mistura diplomacia comercial com medidas de estímulo interno. "Não adianta chorar o leite derramado. Temos que ordenhar a vaca de outro jeito."

O fator China

Numa das passagens mais contundentes da entrevista, Doria não fugiu do elefante na sala: as relações com a China. "É nosso maior parceiro, mas não podemos colocar todos os ovos na mesma cesta", alertou, sugerindo a necessidade de diversificação — algo que, convenhamos, não é exatamente novidade, mas que ganha urgência no atual contexto.

O ex-governador chegou a citar números específicos sobre exportações e balança comercial, mas foi quando falou sobre "geopolítica do café da manhã" — como chamou o comércio de commodities — que realmente capturou a atenção. "Enquanto discutimos ideologia, outros países estão comendo nosso mingau", provocou.

O que vem por aí?

No final da conversa, Doria deixou um recado que soou quase como um ultimato: "Ou o Brasil acorda para essa realidade, ou vamos ficar para trás na corrida global". Palavras duras? Sem dúvida. Mas vindas de quem vem, talvez valha a pena prestar atenção.

Entre uma crítica ao que chamou de "isolacionismo disfarçado" e elogios surpreendentes a medidas recentes do governo federal, o ex-governador mostrou que, longe dos holofotes, continua com o dedo no pulso da economia — e na ferida dos problemas nacionais.