Crise no núcleo bolsonarista: aliados recuam após polêmica sobre anistia pós-declarações de Trump
Crise no bolsonarismo: aliados recuam após polêmica

O que parecia ser uma fortaleza inabalável começa a mostrar rachaduras. A família Bolsonaro, que até então contava com o apoio irrestrito de seus aliados, agora enfrenta resistência dentro do próprio círculo político. O motivo? A insistência em defender uma anistia após as recentes declarações polêmicas do ex-presidente americano Donald Trump sobre tarifas comerciais.

Não é de hoje que o tema gera desconforto. Mas desta vez, a coisa pegou fogo. Alguns parlamentares, que antes engoliam sapos sem reclamar, começam a mostrar os dentes. "Tem coisas que não dá pra engolir", comentou um deputado que preferiu não se identificar — e não é difícil entender o porquê.

O estopim da crise

Tudo começou quando Trump soltou mais uma de suas tiradas bombásticas, sugerindo mudanças nas relações comerciais que poderiam afetar diretamente o Brasil. A reação da família Bolsonaro? Defender anistia para certos setores. Só que o tiro saiu pela culatra.

"É como se jogassem gasolina na fogueira", avalia um assessor parlamentar que acompanha de perto as negociações. Os aliados mais pragmáticos — aqueles que ainda tentam manter algum pé no mundo real — ficaram com a pulga atrás da orelha. Afinal, em ano eleitoral, ninguém quer ser associado a medidas impopulares.

O preço da lealdade

O que mais choca os observadores é a velocidade com que o clima mudou. Há poucas semanas, era tudo flores. Agora, até os mais fiéis começam a questionar se vale a pena pagar o preço político por essa briga. "Quando o barco começa a afundar, até os ratos pulam fora", filosofa um experiente lobista que circula pelo Congresso.

Não se trata apenas de uma divergência pontual. É o sinal de que o núcleo duro do bolsonarismo pode estar perdendo seu poder de convencimento. Alguns deputados já falam abertamente em "buscar novos caminhos" — eufemismo político para "pular do barco antes que seja tarde".

Enquanto isso, nas redes sociais, a militância bolsonarista tenta manter a narrativa de união. Mas até entre os mais fanáticos, surgem dúvidas. "Será que não estamos indo longe demais?", questiona um apoiador em um grupo de WhatsApp. A resposta veio rápida: "Ou vai tudo, ou não vai". Parece que, desta vez, nem todos estão dispostos a ir.