Ciro Nogueira pressiona Lula por diálogo direto com Trump: 'Não é hora de vaidade'
Ciro Nogueira pressiona Lula por diálogo com Trump

O clima esquentou no Planalto — e não foi por causa do verão brasiliense. Ciro Nogueira, ex-ministro da Casa Civil e figura-chave no centrão, soltou o verbo nesta terça-feira (23) ao cobrar do presidente Lula uma abordagem menos ideológica e mais pragmática nas relações com os Estados Unidos.

'Tem horas que a vaidade precisa ficar de lado', disparou o político, em tom que misturava cobrança e conselho. O alvo? O ex-presidente americano Donald Trump, que segue como favorito nas pesquisas para as eleições de novembro.

O xadrez geopolítico

Enquanto Lula mantém sua tradicional sintonia com os democratas — especialmente com Joe Biden —, Nogueira faz um alerta que ecoa nos corredores do Congresso: 'Trump pode voltar. E o Brasil não pode ser pego de calças curtas'.

O recado é claro como cristal: independentemente de simpatias pessoais, o país precisa cultivar pontes com os dois lados da moeda americana. Afinal, como dizem os mais experientes em Brasília, política externa se faz com Estados — não com governos passageiros.

Os números que assustam

  • Trump lidera as pesquisas em 6 dos 7 estados-chave
  • Bookmakers dão 68% de chances de vitória republicana
  • Volume de comércio Brasil-EUA caiu 11% no último trimestre

Não é de hoje que Nogueira — conhecido por seu faro político afiado — vem cutucando o Palácio do Planalto sobre o assunto. Dizem que em reuniões fechadas, o tom é ainda mais direto: 'Não podemos repetir o erro de 2016', referindo-se à demora do governo Dilma em se aproximar da equipe de transição trumpista.

Entre os assessores presidenciais, a divisão é nítida. De um lado, os ideólogos que consideram Trump um risco à democracia. Do outro, os pragmáticos que lembram: o comércio bilateral movimenta US$ 120 bilhões/ano — e não pode virar refém de preferências partidárias.

Enquanto isso, nos bastidores, diplomatas veteranos respiram fundo. Afinal, como bem definiu um deles (que preferiu não se identificar): 'Política externa é como samba de raiz — tem que saber improvisar sem perder o compasso'. E o refrão dessa música? Ainda está sendo escrito.