
Neste domingo, as principais avenidas do país viraram palco de um espetáculo que já não surpreende, mas ainda impressiona: milhares de verde-amarelos ocuparam as ruas em mais um capítulo da saga bolsonarista. De São Paulo a Brasília, o cenário se repetiu — bandeiras, camisetas, gritos de guerra. Mas algo, entre os fogos e os cantos, parecia diferente.
Os números, é claro, ainda são expressivos. Segundo estimativas (que variam conforme quem conta), dezenas de milhares compareceram. Só que... bom, quem acompanha esses eventos há anos percebe aquele detalhe que não aparece nas fotos: a energia já não é a mesma de 2018 ou mesmo de 2022. É como um casamento que completa dez anos — ainda tem amor, mas falta aquele fogo do início.
O que os especialistas estão dizendo?
Conversamos com três analistas políticos que, sem combinar, usaram a mesma palavra: "desgaste". Não é que o apoio desapareceu — longe disso. Mas a frequência desses atos e a ausência de um inimigo claro (Lula já está no poder) criaram um certo... vamos dizer, cansaço?
- Em São Paulo, o público foi 30% menor que no último grande evento
- No Rio, a organização prometeu 50 mil e mal chegou a 35
- Em cidades menores, alguns comícios sequer atingiram a metade do público esperado
Não é só impressão. Um levantamento rápido nas redes sociais mostra que o volume de menções caiu quase 40% em relação a manifestações anteriores. E olha que isso num domingo ensolarado, perfeito para protestos!
E os discursos? Alguma novidade?
Ah, os discursos... Se você esperava algo novo, melhor ajustar as expectativas. Os temas foram os de sempre: "intervenção militar", "fraude eleitoral", "comunismo". Até a ordem dos tópicos pareceu ensaiada. Sabe quando sua tia repete a mesma história de Natal todo ano? É meio por aí.
Mas tem um detalhe curioso: pela primeira vez, alguns oradores evitaram mencionar Bolsonaro diretamente. Falam em "movimento", em "ideais", quase como se... bom, como se estivessem preparando o terreno para um futuro sem o capitão. Será?
Enquanto isso, nas bordas do evento, um fenômeno interessante: vendedores de bandeiras e camisetas reclamavam das vendas. "Ano passado eu levava três caixas e acabava em duas horas", contou um, mastigando um pastel meio murcho. "Hoje trouxe uma e sobrou metade." Pequenos sinais, grandes significados.
O que isso tudo significa para o futuro? Difícil dizer. O bolsonarismo ainda é uma força poderosa — ninguém em sã consciência duvidaria disso. Mas os primeiros sinais de que o gigante pode ter pés de barro começam a aparecer. Resta saber se é só uma gripe passageira ou algo mais grave.