
Não foi um evento qualquer. Aquele clima de urgência e esperança misturados tomou conta de Santarém, no oeste do Pará, durante três dias intensos. O Congresso Brasileiro do Setor Mineral, gente de todo o país—e do mundo—descendo na região para falar do que realmente importa: como extrair riqueza da terra sem cavar o próprio buraco.
Parece contraditório? Pois é exatamente esse o quebra-cabeça que dominou os debates. De um lado, a pressão por desenvolvimento, emprego, crescimento. Do outro… bem, do outro, a Amazônia. E o mundo todo olhando.
O que Saiu das Discussões?
Foram mais de 40 painéis—perde-se a conta—com gente do governo, das empresas, das universidades e, claro, das comunidades. A questão indígena e quilombola não foi um detalhe; foi centro. Alguém lembrou que não adianta falar de sustentabilidade sem ouvir quem já vive isso há séculos?
E no meio de tantas conversas técnicas—licenciamento, inovação, rastreamento—uma palavra ecoou mais que todas: diálogo. Sim, aquela coisa simples que todo mundo acha que faz, mas poucos realmente praticam.
A Tal da Carta
Ah, a Carta de Santarém! Ela não é só um documento. É um posicionamento. Um grito—mais educado, mas ainda assim um grito—do setor mineral dizendo: «Estamos aqui, somos parte da solução.»
O texto, construído a várias mãos, joga luz sobre uns pontos-chave:
- Transparência total na cadeia produtiva—nada de meias-verdades;
- Inovação a serviço da floresta—tecnologia verde não é mais opção, é obrigação;
- E o mais importante: reconhecimento. Reconhecer que o mineral é vital, sim, mas não é a única riqueza da região.
E agora? Tudo isso vai direto para a mesa da COP-30, ano que vem, em Belém. Será que vão ouvir? O setor aposta que sim.
Por Que Santarém?
Quem conhece a região sabe: não foi por acaso. Santarém é um epicentro mineral—e também um símbolo dos conflitos entre desenvolvimento e conservação. Realizar o congresso ali, no coração da tensão, foi quase um ato político. Corajoso, diga-se.
E a cidade respondeu. Com críticas, com apoio, com perguntas difíceis. Foi longe de ser um monólogo corporativo—e ainda bem.
O futuro da mineração na Amazônia ainda está por ser escrito, mas uma coisa é certa: depois desse congresso, ninguém pode dizer que não avisou. Ou que não propôs.