Urnas Eletrônicas Podem Ser Retiradas de Áreas de Risco no RJ: Decisão Visa Garantir Voto sem Coação
Urnas podem sair de áreas de risco no RJ

O cenário é preocupante, pra dizer o mínimo. Imagine ter que escolher seus representantes com a nítida sensação de que alguém está observando cada movimento, cada intenção de voto. É exatamente essa realidade que o desembargador do Tribunal Regional Eleitoral do Rio, Claudio Dell'Orto, quer mudar.

Ele está analisando — e a coisa é séria — a possibilidade de simplesmente retirar as urnas eletrônicas de locais onde o poder paralelo manda mais que o Estado. Lugares onde traficantes e milicianos ditam as regras, inclusive nas eleições.

O medo que cala a democracia

Não é exagero. Tem gente que chega pra votar e já sabe que depois vai ter que prestar contas aos donos do morro. O voto, que deveria ser secreto, vira moeda de troca sob ameaça. "As pessoas não podem votar com medo", dispara Dell'Orto, com a convicção de quem já viu de perto como funciona essa pressão.

O desembargador foi claro como água: a segurança do processo eleitoral não pode ser negociada. Se preciso for, as seções eleitorais serão transferidas para áreas onde o poder público — o legítimo — consiga garantir a integridade do voto.

Um problema que não é de hoje

O que pouca gente sabe é que essa discussão já vinha sendo travada nos bastidores da Justiça Eleitoral. Em 2022, o próprio Dell'Orto havia determinado o deslocamento de urnas de algumas comunidades. Agora, a conversa ganha um novo capítulo — e parece que mais decisivo.

O timing não é aleatório. Com as eleições municipais se aproximando em 2026, a pressa em encontrar soluções é quase palpável. Ninguém quer repetir os mesmos problemas do passado.

Mas como funcionaria na prática?

Bom, a ideia não é simplesmente deixar ninguém sem votar. Longe disso. O plano seria criar pontos de votação em locais estratégicos — escolas, praças, delegacias — onde o eleitor das áreas de risco pudesse exercer seu direito longe do olhar ameaçador dos criminosos.

Transporte gratuito, talvez? Horários estendidos? Tudo está sendo considerado. O importante, repito, é que o cidadão vote com a consciência tranquila, sem aquela pulga atrás da orelha.

É uma daquelas situações onde o remédio, ainda que drástico, pode ser necessário. Afinal, de que adianta tecnologia de ponta nas urnas se o eleitor vota com a arma na cabeça — mesmo que figurativamente?

O desembargador parece determinado a cortar o mal pela raiz. Resta saber se a medida será suficiente para devolver aos cariocas mais vulneráveis a confiança no próprio voto. Porque no final das contas, democracia que é democracia não combina com medo. Nunca combinou.