
Foi um daqueles momentos que ficam registrados nos anais do Supremo. A ministra Carmen Lúcia, conhecida por sua postura serena, simplesmente não engoliu a comparação que o advogado de Alexandre Ramagem tentou vender durante a sessão desta terça-feira.
O ar no plenário ficou pesado quando o defensor do ex-diretor da ABIN resolveu trazer à tona o debate sobre o voto impresso. Mas olha, a coisa não saiu como ele planejava – longe disso.
"Permita-me dizer que o voto impresso não se confunde com o voto auditável", cortou a ministra, seca e direta. A frase ecoou na sala como um alerta. Não era apenas uma correção técnica; era um recado claro sobre os limites do debate.
O que realmente aconteceu?
O advogado de Ramagem, na tentativa de fortalecer sua defesa, decidiu argumentar que o sistema de votação atual – eletrónico com possibilidade de auditoria – seria equivalente ao controverso voto impresso. Um movimento arriscado, pra dizer o mínimo.
Carmen Lúcia não apenas rejeitou a comparação como fez questão de educar sobre a diferença fundamental entre os sistemas. O atual modelo, vale lembrar, permite verificação por meio de logs digitais e amostragens, enquanto o voto impresso físico carrega consigo riscos óbvios de violação do sigilo e manipulação.
Não foi a primeira vez que esse assunto veio à tona no STF, mas a forma como a ministra lidou com a situação chamou a atenção até de quem já viu muita coisa por lá.
E as consequências?
O tom firme de Carmen Lúcia sinaliza pouca paciência com tentativas de relativizar ou confundir conceitos que já foram devidamente esclarecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral. E isso, convenhamos, não é pouco coisa.
Para a defesa de Ramagem, a investida frustrada significa mais do que uma simples repreensão. É um sinal de que certos argumentos – especialmente os que já foram rejeitados anteriormente pela Justiça Eleitoral – dificilmente encontrarão acolhida no Supremo.
O momento serviu como um lembrete poderoso: há temas que simplesmente não se misturam, por mais que se tente forçar a barra. E quando o assunto é processo eleitoral, a precisão técnica não é negociável.