
O placar não deixa margem para dúvidas — e ecoa como um trovão nos corredores do poder. O Supremo Tribunal Federal costurou, nesta quarta-feira, uma maioria sólida para condenar Jair Bolsonaro pelo crime de organização criminosa. O motivo? Sua suposta articulação em uma tentativa de golpe de Estado após a derrota nas urnas em 2022.
Não foi rápido, nem silencioso. O julgamento, que rolava desde terça-feira no plenário virtual da Corte, já conta com sete votos pela condenação — e apenas dois pela absolvição. Resta um ministro a votar, mas o destino do ex-presidente parece, agora, inevitável.
Os votos que mudaram (quase) tudo
Quem deu o pontapé inicial foi o relator, ministro Alexandre de Moraes. Na terça, ele já deixara claro: para ele, Bolsonaro não só participou como liderou uma "associação criminosa de altíssimo nível". Um grupo que teria agido — pasmem — para "fragilizar a democracia e subverter o resultado eleitoral".
E os outros? Vieram na esteira. Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Luiz Edson Fachin e, agora, Gilmar Mendes. Sim, Gilmar! Quem diria, hein? O mesmo que já foi crítico ferrenho de Alexandre de Moraes — e até sugeriu que o relator saísse do caso — votou pela condenação.
Não sem drama, claro. Ele ressalvou: condena, mas discorda da tese de organização criminosa. Preferia enquadrar como crime contra a democracia. Mas, no frigir dos ovos, o resultado prático é o mesmo.
Do outro lado da trincheira
Até agora, só dois votos tentaram freiar a onda condenatória: os ministros Nunes Marques e André Mendonça. Ambos indicados pelo próprio Bolsonaro, diga-se. Argumentam que não houve prova suficiente — que tudo não passaria de "conduta política", ainda que questionável.
Mas, francamente… num cenário de sete a dois, a resistência soa quase simbólica. Faltava apenas o voto de Kassio Nunes Marques — e aí, então, o caso estaria fechado de vez.
O que está em jogo — além da óbvia condenação
Bolsonaro já foi condenado em outra ação — aquela das badaladas dos portões do Alvorada, lembra? — e pegou inelegibilidade. Mas essa agora é diferente. É pesada. Organização criminosa é daquelas figuras penais que carregam um estigma colossal.
Além disso, processos correlatos tramitam na Justiça Eleitoral. Ou seja: o ex-presidente continua nadando em águas revoltas — e com tubarões à espreita.
Não é exagero dizer que o Brasil vive um daquios dias que viram página. Um ex-presidente, condenado por tentar rasgar a Constituição que jurou defender. Quem viu, viu. Quem não viu, vai ler nos livros de História.