
O placar estava definido, mas a partida jurídica estava só começando. Enquanto o Ministério Público Federal apresentava suas cartas, a defesa dos réus do chamado 'Núcleo 1' preparava sua trincheira de argumentos — alguns tão criativos que chegaram a surpreender até os mais veteranos do tribunal.
E não é que eles tentaram de tudo? Desde questionar a própria materialidade do crime — sim, você leu certo — até alegar que aquele dia caótico foi, na verdade, uma manifestação política como qualquer outra. A defesa insistia, com uma convicção que beirava o surreal, que não havia prova concreta de que seus clientes haviam participado da depredação dos prédios públicos.
O Eterno Argumento da 'Legítima Manifestação'
Ah, o clássico. Transformar um ato de vandalismo explícito em um mero exercício democrático. Os advogados teceram longas falas sobre o direito de protesto, como se quebrar vidraças e invadir salas nobres fosse uma forma avançada de debate cívico. Convenhamos, é de uma criatividade digna de roteiro de cinema.
E não parou por aí. Veio a tal da 'teoria do domínio do fato' — uma tentativa de dissociar as ações individuais de cada réu do resultado coletivo do estrago. Quase como dizer que, numa orquestra, o músico que desafina não é responsável pela música sair mal.
Questionando o Inquestionável
Em um movimento arriscadíssimo, a defesa ousou colocar em xeque a qualificação jurídica dos crimes. Brigaram contra a tipificação como 'destruição de patrimônio público' e 'associação criminosa'. Queriam algo mais brando, menos… permanente no histórico dos envolvidos.
E é claro que o contexto político não ficou de fora. Argumentou-se, com seriedade, que os atos de 8 de janeiro foram uma 'reação espontânea' a um clima de instabilidade política. Uma justificativa que, francamente, ignora completamente a organização prévia e os grupos de WhatsApp cheios de combinações.
No fim, o que fica é a sensação de um espetáculo jurídico onde quase tudo foi tentado. Desde os argumentos técnicos mais complexos até alegações que dependiam de uma boa dose de imaginação por parte dos ministros. O resultado todos conhecem, mas o caminho até ele — esse foi verdadeiramente memorável.