O clima no Congresso Nacional está, digamos, eletrizante. E não é para menos. Altineu Côrtes, o líder do PL na Câmara, soltou uma bomba nesta terça-feira (3): garante, de carteirinha, que já tem maioria suficiente para aprovar um projeto que anistia condenados dos ataques de 8 de janeiro e até o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro.
Parece jogo de poker, mas é a política brasileira em sua essência. Côrtes, com uma tranquilidade que beira o surreal, disparou: "Temos os votos. É uma questão de tempo e de estratégia para colocarmos em votação". Afirmou ainda que a proposta já está pronta, engatilhada, só esperando o momento certo para entrar em pauta.
Mas não é tão simples assim
Óbvio que a oposição não vai ficar quieta. A tropa do governo Lula já começou a se movimentar — e promete um embate ferrenho. Eles veem a proposta como um acinte, uma tentativa clara de reescrever a história e apagar a gravidade do que aconteceu naquelas datas sombrias.
O líder do governo, Zeca Dirceu (PT-PR), já deu o tom. Para ele, a anistia é simplesmente "inadmissível". Uma linha vermelha que, se cruzada, pode gerar uma crise institucional das grandes. Do outro lado, o PL e seus aliados argumentam que tudo não passa de uma disputa política, e que muitos dos processados são "vítimas de perseguição".
E o que diz o texto?
O tal projeto, em síntese, quer anistiar pessoas condenadas por crimes eleitorais e por atos relacionados às eleições de 2022… o que, claro, abrange tanto os condenados do 8 de janeiro quanto processos que envolvem o ex-presidente. Uma jogada ousada, pra dizer o mínimo.
O timing? Mais que estratégico. O Planalto trabalha com a ideia de que a base governista, mesmo enxuta, pode segurar a onda. Mas Côrtes parece confiante. Muito confiante. Resta saber se é blefe ou se a matemática política realmente fechou a seu favor.
Uma coisa é certa: os próximos capítulos dessa novela prometem. E muito.
