
Imagine aprender equações de segundo grau ao som de sirenes antiaéreas. É exatamente essa a realidade surreal que cerca milhares de estudantes ucranianos, que iniciam agora seu quarto ano letivo sob os horrores da invasão russa. Uma rotina que mistura cadernos, bombas e uma resiliência que dói no peito.
As salas de aula? Muitas vezes são porões improvisados, abrigos antiaéreos e subterrâneos que cheiram a medo e concreto. Lugares que deveriam ser para esconderijos temporários viraram espaços permanentes de educação – com direito a mapas pendurados em paredes úmidas e a constante sombra da ansiedade.
Números que contam uma história triste
Segundo o Ministério da Educação da Ucrânia, mais de 3 mil instituições de ensino sofreram danos desde o início do conflito. Dessas, 400 foram completamente destruídas. Não são apenas prédios – são memórias, futuros, pedaços de infância reduzidos a escombros.
E o que dizer dos professores? Heróis anônimos que lecionam entre cortes de energia, alertas de bombardeios e a missão quase impossível de manter um senso de normalidade onde nada é normal. Muitos se desdobram entre aulas presenciais e online, dependendo da violência do dia.
O peso invisível nas mochilas
Além dos livros e cadernos, as crianças carregam traumas que nenhuma lição de casa poderia preparar. Psicólogos educacionais relatam ansiedade generalizada, pesadelos e dificuldades de concentração. Como focar em verbo irregular quando o mundo lá fora é irregular demais?
E ainda assim... ainda assim há esperança. Há professores que decoram porões com desenhos coloridos. Há alunos que fazem perguntas sobre行星 entre um ruído de drone e outro. Há pais que insistem que a educação não pode parar, mesmo quando tudo mais parece desmoronar.
É uma lição de resistência que nenhum currículo escolar previa, mas que uma geração inteira está aprendendo à força. Com lápis, papel e uma coragem que desafia qualquer lógica de guerra.