
Numa virada que surpreendeu até os analistas mais cínicos, a Rússia decidiu jogar um balde de água fria no frágil otimismo internacional. "Não espere milagres", resmungou um diplomata anônimo, enquanto ajustava a gravata antes das negociações. Parece que Moscou está mais interessada em exibir músculos do que em encontrar soluções.
O clima? Gelado como um inverno siberiano. Enquanto o mundo torce por um alívio na guerra que já dura meses, o Kremlin insiste em tratar o cessar-fogo como um jogo de xadrez — onde cada movimento esconde três armadilhas. "Temos objetivos militares a cumprir", declarou o porta-voz Dmitry Peskov, com aquele sorriso enigmático que deixou jornalistas roendo as unhas.
O jogo das expectativas
Especialistas ouvidos — entre cafés gelados e documentos confidenciais — sugerem que a estratégia russa lembra um jogador de pôquer blefando com cartas ruins. Reduzir as esperanças antes da mesa de negociações pode ser um movimento calculado para:
- Diminuir a pressão por concessões imediatas
- Criar margem para pequenas vitórias simbólicas
- Testar a unidade ocidental (que, vamos combinar, anda mais frágil que porcelana chinesa)
Não ajuda que os EUA e a UE continuem a enviar armas pesadas para Kiev, num claro sinal de que tampouco acreditam em soluções rápidas. É como assistir dois lutadores se preparando para o round 12, sabendo que o juíz sumiu depois do primeiro soco.
O que esperar?
Se depender dos sinais recentes, teremos mais teatro geopolítico que acordos concretos. A Rússia insiste em tratar territórios ocupados como "fatos consumados", enquanto a Ucrânia — com razão — recusa qualquer negociação que legitime anexações. Um impasse digno de tragédia grega, só que com tanques e drones.
Nos corredores da ONU, sussurra-se que até o secretário-geral anda tomando antiácidos antes das reuniões. Enquanto isso, civis no leste ucraniano enfrentam invernos sem aquecimento, em cidades que mais parecem cenários de filme pós-apocalíptico. Ironia cruel: a "operação especial" que deveria durar dias completa meses com zero perspectivas de paz.
Moraleja da história? Quando elefantes brigam, quem se fode é o gramado. E neste caso, o gramado tem nome: população civil.