
Foi uma daquelas noites que os moradores de Kiev dificilmente vão esquecer. O que começou como uma quarta-feira comum transformou-se rapidamente em um pesadelo de aço e fogo, quando as sirenes de alerta aéreo romperam o silêncio noturno. E, desta vez, não foi um alarme falso.
Por volta das 4h da madrugada (horário local), os céus da capital ucraniana se transformaram no palco de uma das ofensivas mais brutais e violentas já vistas desde que a Rússia decidiu invadir o país, há mais de um ano. Uma enxurrada de mísseis e drones de ataque — mais de uma dezena, segundo relatos — atingiu a cidade praticamente de uma só vez, num ataque coordenado que parecia ter um único objetivo: causar o máximo de caos e destruição possível.
Uma Chuva de Destruição
Os estragos foram imediatos e avassaladores. Prédios residenciais, aqueles mesmos onde famílias dormiam, foram atingidos em cheio. Vidraças estilhaçadas, paredes derrubadas, fachadas reduzidas a escombros. O som de explosões consecutivas ecoou por bairros inteiros, seguido pelo silêncio perturbador que só quem vive sob guerra conhece.
E não parou por aí. Uma das maiores estações de energia térmica de Kiev — sim, aquela que mantém milhares de aquecidos no rigoroso inverno ucraniano — foi gravemente danificada. Autoridades locais já alertam: pode levar dias, talvez semanas, para restabelecer o serviço por completo. Uma jogada estratégica? Muitos analistas acreditam que sim.
O Saldo do Caos
- Dezenas de feridos, incluindo civis que estavam em suas próprias casas;
- Danos massivos em infraestrutura crítica, com focos de incêndio por toda a cidade;
- Serviços de emergência sobrecarregados, trabalhando sem parar sob risco constante de novos ataques;
- Um alerta aéreo que se estendeu por quase três horas — tempo suficiente para lembrar a todos que a guerra está longe de terminar.
E, é claro, as redes de energia. Sem luz, sem aquecimento, e com a temperatura caindo a cada hora, a situação humanitária se complica ainda mais. É como se a guerra estivesse sendo travada em duas frentes: uma com armas, outra com a privação do básico.
Reações Imediatas e a Voz de Zelensky
Em resposta, o presidente Volodymyr Zelensky não perdeu tempo. Em um discurso transmitido ainda durante a madrugada, ele não poupou palavras. Classificou o ataque como “um ato de terror puro” e fez um apelo urgente por mais sistemas de defesa antiaérea junto aos aliados ocidentais.
— Eles querem nos deixar no escuro e no frio — disse Zelensky, com a voz carregada de uma mistura de cansaço e determinação. — Mas não vão conseguir. A resistência de Kiev é maior que seu medo.
Do outro lado, o Ministério da Defesa russo — como já é de praxe — justificou a ação alegando que alvos militares e de energia são “parte legítima de operações especiais”. Uma narrativa que, convenhamos, já não convence mais ninguém além deles mesmos.
E Agora?
Enquanto a comunidade internacional condena veementemente o ataque — com a ONU já sinalizando discussões emergenciais —, a população de Kiev tenta retomar o fôlego. Abrigos antiaéreos lotados, hospitais em regime de plantão máximo e um sentimento generalizado de incredulidade.
Uma coisa é certa: cada bombardeio desses não só destrói edifícios, mas também qualquer resquício de normalidade que ainda tentava persistir. A guerra entrou em uma nova fase, mais sombria e mais impiedosa. E Kiev, mais uma vez, paga o preço.