Trump choca ao citar Brasília como 'capital violenta' e anuncia federalização da polícia em Washington
Trump cita Brasília como "capital violenta" em discurso polêmico

Numa jogada que pegou muitos de surpresa — e deixou outros tantos com os cabelos em pé —, Donald Trump soltou o verbo durante um comício inflamado em Iowa. O ex-presidente americano, que nunca foi de meias palavras, incluiu Brasília numa lista nada honrosa de cidades que ele classificou como "barril de pólvora pronto para explodir".

"Washington, Chicago, Nova York... e sim, até Brasília", disparou Trump, gesticulando como um maestro de orquestra sinistra. "São antros de criminalidade que precisam de intervenção federal urgente." A plateia, é claro, vaiou e aplaudiu em igual medida — porque, convenhamos, polêmica é o que ele mais sabe vender.

O anúncio que acendeu o pavio

Entre promessas de "limpar as ruas" e críticas ao atual governo Biden, Trump soltou a bomba: pretende federalizar a polícia na capital americana caso retorne à Casa Branca. "Quando os prefeitos são moles com o crime, alguém tem que botar ordem nesse circo", justificou, com aquela cara de quem acabou de provar um limão azedo.

Mas foi a menção à capital brasileira que fez os ânimos fervilharem nas redes sociais. Brasília, aquela cidade planejada que mais parece um museu a céu aberto, sendo comparada a Chicago? O Itamaraty deve ter engasgado com o cafezinho.

Reações à altura

Do outro lado do Equador, especialistas em segurança pública torceram o nariz. "Comparação absurda", disparou o sociólogo Carlos Andrade, em entrevista relâmpago. "É como dizer que o Cristo Redentor é perigoso porque tem os braços abertos." Já os números — sempre eles — contam outra história: enquanto Washington registra 20 homicídios por 100 mil habitantes, Brasília fica na casa dos 12.

  • Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram queda de 15% nos roubos na capital federal em 2024
  • No mesmo período, crimes violentos subiram 7% em Washington
  • Trump não citou fontes para sua classificação

Nas ruas de Brasília, a reação foi de incredulidade temperada com indignação. "Eu ando de bike à noite pelo Eixão e nunca fui assaltado", contou o professor aposentado João Batista, 68 anos, enquanto ajustava os óculos. "Agora me dizem que moro num faroeste?"

O que significa federalizar a polícia?

A proposta trumpiana — que já está sendo chamada de "Remédio Amargo" por críticos — basicamente tiraria o controle das forças policiais locais e colocaria nas mãos do governo federal. Nos EUA, onde os estados têm autonomia quase sagrada, a ideia é mais controversa que ketchup no hot-dog gourmet.

  1. Polícia responderia diretamente ao Departamento de Justiça
  2. Orçamento sairia dos cofres federais
  3. Prefeitos perderiam poder de comando

"É um tiro no pé do federalismo", opinou a cientista política Marina Lopes, entre um gole de café e outro. "Mas convenhamos: Trump nunca foi muito fã de divisão de poderes."

Enquanto isso, nas esferas diplomáticas, o clima era de "vamos fingir que não ouvimos". O Itamaraty limitou-se a um lacônico "tomamos conhecimento", que em linguagem diplomática significa qualquer coisa entre "que absurdo" e "vamos esperar passar".

Uma coisa é certa: a temporada de eleições americanas promete — e Brasília, querendo ou não, acabou de ganhar um ingresso VIP para o espetáculo.