
A arqueóloga brasileira Niede Guidon, uma das maiores especialistas em ocupação humana pré-histórica nas Américas, faleceu nesta terça-feira (4) aos 92 anos. Sua morte marca o fim de uma era para a ciência brasileira e internacional.
Uma vida dedicada à arqueologia
Nascida em Jaú, São Paulo, em 1933, Niede Guidon dedicou mais de 50 anos de sua vida às pesquisas arqueológicas no Piauí, onde descobriu evidências que revolucionaram o entendimento sobre a chegada do homem ao continente americano.
Contribuições científicas
Entre suas principais descobertas estão:
- Evidências de ocupação humana no Parque Nacional Serra da Capivara datadas de até 50 mil anos
- Mais de 1.300 sítios arqueológicos catalogados
- Teorias que contestam o modelo Clóvis sobre a chegada do homem às Américas
Legado e reconhecimento
Guidon recebeu diversos prêmios internacionais e foi responsável pela criação do Museu do Homem Americano em São Raimundo Nonato, Piauí. Seu trabalho foi fundamental para que a Serra da Capivara fosse reconhecida como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 1991.
"Ela mudou completamente nossa compreensão sobre o povoamento das Américas", afirmou o antropólogo Walter Neves, colega de pesquisas.
Desafios e superações
Apesar das dificuldades de financiamento e do ceticismo inicial da comunidade científica, Guidon perseverou em suas pesquisas, formando gerações de arqueólogos e garantindo a preservação do patrimônio arqueológico brasileiro.