Jovem Concilia Medicina e Trabalho como Coletor: A Rotina de 24h que Inspira Presidente Prudente
Jovem concilia medicina com trabalho noturno como coletor

Enquanto a maioria da cidade dorme, ele enfrenta as ruas escuras de Presidente Prudente com uma missão nada glamourosa: recolher o lixo que outros produziram. Das 23h às 5h, Lucas da Silva, de 22 anos, não é o futuro médico que aspira ser - é simplesmente o coletor que mantém a cidade limpa.

E pasmem: essa é a parte fácil do seu dia.

Assim que o sol nasce, Lucas troca o uniforme laranja pelo jaleco branco. Das 7h às 13h, mergulha nos livros de anatomia, farmacologia e todas aquelas matérias complicadas que fazem qualquer um tremer. "Às vezes durmo 3 horas por noite, mas é temporário", diz ele, com um sorriso que contradiz o cansaço.

O segredo? Disciplina de aço e muito café

Não é exagero dizer que Lucas domina a arte da gestão do tempo como poucos. Entre uma parada para recolher sacos de lixo e outra, ele revisa mentalmente os conteúdos da faculdade. "Já decorei a tabela periódica enquanto carregava containers de resíduos", confessa, rindo.

Mas não se engane: a rotina é brutal. São duas realidades completamente distintas que exigem mudanças mentais radicais. De manhã, lida com a complexidade do corpo humano; à noite, com o descarte da sociedade.

O concurso que mudou tudo

A virada começou quando Lucas passou em um concurso público para coletor - sim, você leu certo. Enquanto muitos torcem o nariz para esse tipo de trabalho, ele viu uma oportunidade de ouro: estabilidade financeira para bancar o sonho da medicina.

"Meus colegas de faculdade não imaginam que depois da aula eu vou direto para o caminhão de lixo", comenta, com uma pitada de orgulho na voz. "Mas é honesto, necessário e me permite estudar."

Os desafios invisíveis

Claro que não é um mar de rosas. Lucas enfrenta preconceito velado, cansaço físico extremo e a constante batalha contra o relógio. "Já adormeci durante uma aula de histologia, mas meus professores entendem", revela.

O que mais impressiona? Sua capacidade de encontrar beleza onde outros veem apenas sujeira. "O trabalho noturno me mostrou uma cidade que poucos conhecem - silenciosa, misteriosa e cheia de histórias."

Um exemplo para sua geração

Enquanto muitos reclamam da falta de oportunidades, Lucas criou a sua. Conciliou o útil ao necessariamente sujo - e transformou ambos em degraus para algo maior.

Seu conselho para outros jovens? "Não subestimem nenhum trabalho honesto. Cada emprego te ensina algo, mesmo que seja apenas resistência."

Daqui a alguns anos, quando estiver de estetoscópio no pescoço, Lucas promete não esquecer suas origens nas madrugadas prudentinas. "Vou ser um médico mais humano porque conheci a cidade de um jeito que poucos conhecem."

E quem duvida que ele vai conseguir?