
Não é exagero dizer que a sala de aula pode ser o palco de uma revolução silenciosa. Principalmente quando falamos da Educação de Jovens e Adultos, a famosa EJA. Um estudo recente, feito a várias mãos pela Fundação Roberto Marinho e pelo Insper, escancara o que muitos já suspeitavam: terminar os estudos básicos não é só uma questão de diploma, é uma chave que destrava portas que pareciam emperradas para sempre.
Os números são, para ser sincero, mais impactantes do que eu imaginava. A pesquisa acompanhou a trajetória de milhares de egressos do programa, e o salto é evidente. A formalização no trabalho, aquela carteira assinada que tantos almejam, dispara. A probabilidade de estar em um emprego com direitos garantidos salta impressionantes 25 pontos percentuais. Não é pouco, não.
O impacto no bolso é real
Mas vamos ao que realmente importa no final do mês: o dinheiro. A renda média da galera que concluiu a EJA dá um pulo e tanto. Um aumento médio de 72%! Parece bom demais pra ser verdade, mas os dados estão aí. É como se cada livro aberto valesse um pouco mais no contracheque depois.
E tem mais. Quem achava que já tinha passado da hora e desistiu do caminho educacional se surpreende. A conclusão do Ensino Médio na modalidade EJA eleva em nada menos que 40% a chance de ingressar no ensino superior. Sim, você leu certo. Quatro vezes mais. É gente correndo atrás do tempo perdido e conquistando espaço na faculdade.
Além dos números: a transformação humana
Claro, pesquisa é número, gráfico, estatística. Mas por trás de cada porcentagem existe uma história. É a mãe que agora ajuda o filho com a lição de casa, o trabalhador que finalmente consegue ler um manual sem dificuldade, o cidadão que se sente capaz de participar das discussões da comunidade. A autoestima que volta a brilhar no olhar é algo que nenhum gráfico consegue capturar perfeitamente.
O estudo vai além e mostra que o efeito é ainda mais potente para um grupo específico: os jovens entre 18 e 29 anos. Para eles, a EJA funciona quase como um turbo na carreira. A transição daqueles bicos informais – que todo mundo conhece – para um emprego de verdade, com FGTS e férias remuneradas, se acelera de forma brutal.
É inegável. Investir na EJA não é gasto, é um dos investimentos sociais mais inteligentes que um país pode fazer. Gera renda, movimenta a economia local, fortalece a indústria e o comércio com mão de obra mais qualificada e, o melhor de tudo, restaura dignidade. Quem vê a educação apenas como uma despesa, precisa urgentemente rever seus conceitos. Os resultados estão na ponta do lápis e, mais importante, na vida real das pessoas.