
Não é novidade que o ambiente corporativo pode ser um campo minado para as mulheres. Mas o que pouca gente discute é como aquele velho hábito de querer agradar a todo mundo — aquele que a gente aprende desde criança — vira uma âncora invisível no crescimento profissional.
Pesquisas recentes mostram algo perturbador: enquanto homens avançam com base em resultados, mulheres muitas vezes ficam presas num ciclo exaustivo de aprovação social. "Se eu disser não, vão me achar arrogante?" "Se priorizar minha carreira, vão me julgar má mãe?" Esses dilemas consomem energia que poderia estar sendo usada para inovar ou liderar.
O peso da expectativa alheia
No escritório, elas são as primeiras a oferecer ajuda no projeto extra, organizar o café da reunião ou assumir tarefas invisíveis — aquelas que ninguém vê, mas que mantêm tudo funcionando. E quando chega a hora das promoções? Frequentemente ficam de fora. Ironia cruel.
Três fatores principais emperram essa engrenagem:
- O mito da mulher multitarefa: Espera-se que elas deem conta de tudo com sorriso no rosto
- O dilema da assertividade: Quando falam com firmeza, são "agressivas"; quando são diplomáticas, "não têm perfil de liderança"
- A síndrome da impostora: Mesmo as mais qualificadas duvidam constantemente de sua competência
E não adianta vir com aquela história de "é só se impor". A questão é estrutural — desde a educação que meninas recebem até a forma como comportamentos idênticos são interpretados de modo diferente conforme o gênero.
Como quebrar esse ciclo?
Algumas empresas visionárias começaram a implementar medidas concretas:
- Treinamentos de liderança com foco em vieses inconscientes
- Sistemas de avaliação mais objetivos (com métricas claras em vez de "percepção de colegas")
- Programas de mentoria que ajudam mulheres a navegar essas armadilhas sociais
Mas a mudança mais poderosa talvez venha de dentro. Quando mulheres percebem que tentar agradar a todos é missão impossível — e começam a priorizar seu crescimento —, algo mágico acontece. Elas não só avançam na carreira como transformam o ambiente ao redor.
No final das contas, talvez o maior ato de rebeldia seja simplesmente ocupar espaço — sem pedir licença, sem se desculpar, sem tentar ser tudo para todos. E o mercado de trabalho só tem a ganhar com isso.