
Numa virada que deixou muitos de queixo caído — mas poucos realmente surpresos —, Donald Trump parece ter dado uma marcha ré em suas declarações mais inflamadas. Seria medo? Dúvida? Ou, como sugere o economista Marcelo Silva, "puro cálculo político"?
"Esse negócio de 'amarelar' não é fraqueza, é estratégia", dispara Silva, com a convicção de quem já viu esse filme antes. "O Trump joga xadrez enquanto os outros estão jogando damas. Cada recuo é calculado para ganhar vantagem depois."
O método por trás da aparente loucura
Analisando os últimos movimentos do ex-presidente americano, o especialista aponta três padrões reveladores:
- Provocar → recuar → negociar: "Ele cria uma crise artificial só para 'ceder' e parecer razoável"
- Discurso inflamado, ação comedida: "As palavras são fogos de artifício, mas as medidas são sempre mais contidas"
- Criar espantalhos: "Ameaça o impossível para conseguir o possível"
Não é à toa que, nas palavras do economista, "os mercados já nem se assustam mais com os tuítes bombásticos". O que parecia imprevisível virou... bem, previsivelmente imprevisível.
O jogo das expectativas
Silva compara a tática a um leilão inverso: "Você começa pedindo o absurdo para, ao 'recuar', conseguir exatamente o que queria desde o início". E funciona? "Depende de quem está do outro lado", pondera. "Com negociadores experientes, o tiro pode sair pela culatra."
Curiosamente, essa abordagem — que muitos chamariam de "blefe" — tem raízes profundas na história da diplomacia. "O que o Trump faz é o velho 'good cop, bad cop', só que interpretando os dois papéis sozinho", brinca o especialista.
E enquanto os analistas discutem se foi recuo ou estratégia, uma coisa é certa: o tabuleiro geopolítico continua sendo sacudido por essas jogadas calculadas — ou seria calculistas?