
Quem diria, hein? Numa cena que até pouco tempo atrás parecia tirada de um roteiro de ficção, o governador tucano Tarcísio de Freitas e o ministro petista Fernando Haddad apareceram juntos e, pasmem, em sintonia. A razão? Um projeto ambicioso que promete revolucionar o Porto de Santos, aquele gigante adormecido que é nada menos que o maior da América Latina.
O clima, longe do usual enfrentamento político, foi de colaboração. Parece que a pragmática necessidade de fazer o país andar falou mais alto. Tarcísio, com seu jeito técnico de engenheiro, não economizou elogios ao ministro. Chegou a dizer que a parceria com Haddad está "andando muito bem" – e olha que a afirmação vem de um adversário ferrenho do Planalto.
O Coração da Questão: O Acordo de R$ 3,7 Bilhões
O que está em jogo não é pouco. Um convênio de R$ 3,7 bilhões assinado entre o governo paulista e a União. A grana? Vem de um empréstimo contraído com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), uma baita responsabilidade. A missão é clara e urgente: modernizar a infraestrutura, aumentar a capacidade de operação e desengargalar a logística que hoje engasga.
Haddad, por sua vez, retribuiu o elogio na mesma moeda, destacando o "espírito republicano" que tem guiado as tratativas. Ele enfatizou a importância crítica do porto para a economia nacional, um verdadeiro corredor de exportação que não pode parar. O ministro foi direto: "É um orgulho ver essa integração. O porto precisa disso."
Além da Foto: Os Desafios Reais
Mas vamos combinar que não é só sobre uma foto bonita. Todo mundo sabe que o Porto de Santos sofre – e muito – com gargalos crônicos. Estradas congestionadas, limitações operacionais e uma infraestrutura que, em muitos trechos, parece ter parado no tempo.
O projeto pretende atacar justamente esses pontos. A ideia é usar os recursos para obras de acesso viário, dragagem de aprofundamento do canal e modernização dos terminais. Coisas técnicas, sim, mas que significam comida mais barata na mesa do brasileiro e nossos produtos chegando mais rápido e competitivos no exterior.
O que essa união inesperada nos diz? Talvez que, em meio a tanta polarização, ainda exista uma fagulha de esperança para o que realmente importa. O tempo – e a efetiva chegada das obras – dirão se essa parceria vai virar caso de sucesso ou apenas mais um capítulo na longa novela da infraestrutura brasileira.