
O clima no evento macro do Itaú BBA nesta segunda-feira (29) era daqueles que deixam qualquer observador atento com os neurônios em alerta máximo. Fernando Haddad, nosso Ministro da Fazenda, subiu ao palco com aquela postura característica — meio professoral, meio estrategista — e soltou algumas previsões que podem definir os próximos anos da nossa economia.
E olha, não foram meias-palavras. O homem foi direto ao ponto, como quem sabe que o mercado está de olho em cada vírgula.
O que realmente importa na reforma tributária
Haddad deixou claro que a implementação da reforma tributária não é só sobre mudar números numa planilha. É muito mais que isso. "Temos que fazer direito", enfatizou, com aquela convicção de quem já viu muitas reformas nascerem e morrerem ao longo dos anos.
O detalhe curioso? Ele mencionou que o governo está trabalhando num cronograma realista — algo entre 4 e 5 anos — para colocar tudo nos eixos. Parece pouco? Experimente implementar mudanças dessa magnitude num país continental como o Brasil.
Os dois pilares da estratégia fiscal
Aqui a coisa fica interessante. Haddad revelou que o ajuste fiscal vai se apoiar em duas pernas fundamentais:
- Primeiro, a tão comentada desvinculação de receitas — a DRU — que deve liberar cerca de R$ 70 bilhões nos cofres públicos
- Segundo, um pacote de medidas para aumentar a arrecadação, incluindo a taxação de fundos exclusivos e offshore
Não é exagero dizer que estamos diante de uma virada de chave na gestão econômica. O ministro até brincou que "o fácil já foi feito", referindo-se às medidas iniciais do governo. Agora vem a parte complicada.
O elefante na sala: como convencer o Congresso?
Ah, política... Haddad foi franco sobre os desafios de negociação. A proposta da DRU, por exemplo, ainda está sendo costurada com os parlamentares. E todo mundo sabe como isso pode ser complicado.
Mas o que chamou atenção foi sua confiança — talvez um tanto ousada — de que as medidas passarão. "Temos diálogo com o Congresso", afirmou, sem dar muitos detalhes sobre as concessões que precisarão ser feitas.
É aquela velha história: na teoria, teoria é teoria. Na prática...
O timing é tudo
O ministro foi categórico sobre os prazos. Querem enviar a proposta da DRU ainda este ano, aproveitando que a equipe econômica está com vento a favor após a aprovação da medida provisória dos fundos.
E sobre a taxação de dividendos? Haddad foi evasivo, mas deixou escutar que o governo não quer "colocar todos os ovos na mesma cesta" — sinal claro de que outras fontes de receita estão sendo consideradas.
No final das contas, o que ficou claro é que Haddad e sua equipe estão jogando um xadrez complexo. Cada movimento é calculado, cada palavra pesada. Resta saber se o tabuleiro político cooperará.
Uma coisa é certa: os próximos meses serão decisivos. E o Brasil todo está de olho.