
Parece contraditório, mas é a pura realidade: enquanto milhares de brasileiros buscam desesperadamente por uma colocação no mercado, o setor supermercadista de Ribeirão Preto — sim, aquela cidade que respira agronegócio e café forte — está com 3 mil vagas em aberto e... ninguém pra preenchê-las.
Não, você não leu errado. Três mil oportunidades esperando alguém disposto a trabalhar. E olha que não são cargos "impossíveis": repositor, caixa, açougueiro, gerente. De tudo um pouco. Mas cadê os candidatos?
O buraco é mais embaixo
Conversando com donos de redes locais, a história se repete: "A gente anuncia, faz processo seletivo, e no final das contas metade não aparece no primeiro dia". Frustrante? Pra caramba. E o pior — segundo o Sindicato dos Supermercados — é que 40% das vagas ficam abertas por mais de 60 dias. Um verdadeiro pesadelo logístico.
Mas por que diabos isso acontece? Bem, segura que a lista é longa:
- Rotatividade alta: Muita gente entra só pra "quebrar o galho" até achar algo "melhor"
- Qualificação: Cargos como açougueiro exigem treinamento específico — e poucos têm
- Concorrência: O agronegócio na região paga mais e acaba "roubando" mão de obra
Não é à toa que os supermercados estão tendo que se reinventar — alguns até oferecem vale-gás e auxílio-creche pra tentar segurar os funcionários. Desespero? Talvez. Necessidade? Com certeza.
E os salários? Dá pra viver?
Aí é que tá o pulo do gato. Um repositor começa com R$ 1.600 mais benefícios. Caixa gira em torno de R$ 1.800. Gerente? Pode passar dos R$ 3 mil. Nada milionário, mas também não é mixaria — principalmente considerando que muitas vagas não exigem experiência.
"Mas e a carga horária?" — você deve estar se perguntando. Pois é, aí vem outro problema: turnos de 6h até 44h semanais. Nem todo mundo topa trabalhar finais de semana e feriados. Justo? Discutível. Realidade? Absoluta.
No fim das contas, o que temos é um daqueles clássicos "problemas brasileiros": oportunidades sobrando de um lado, gente precisando trabalhar do outro, e no meio... uma série de obstáculos que ninguém sabe direito como resolver.
Resta torcer para que, com o tempo, as duas pontas se encontrem. Até lá, os supermercados seguem com portas abertas — literalmente — esperando por quem queira encarar o desafio.