
Não é de hoje que a adultização precoce de crianças gera debates acalorados — mas em Cuiabá, a coisa pegou fogo. Depois que um vídeo controverso circulou nas redes, mostrando situações que muitos classificaram como "sexualização disfarçada", os vereadores da capital mato-grossense decidiram agir. E rápido.
O estopim
Imagine a cena: uma criança de 10 anos, maquiagem pesada, roupas que copiam tendências adultas, dançando de forma sugestiva. Foi esse conteúdo — compartilhado inicialmente como "inocente" — que fez a cidade inteira discutir onde está o limite entre a expressão artística e a erotização prematura. "Isso não é arte, é violação", disparou a vereadora Ana Lúcia (sem partido), autora de um dos projetos.
Os projetos em jogo
Pelo menos três propostas pipocaram na Câmara Municipal em menos de 48 horas:
- PL 145/2025: Proíbe eventos públicos com performances infantis que simulem comportamentos adultos sexualizados
- PL 146/2025: Estabelece multas para estabelecimentos que promovam concursos de beleza com apelo sensual para menores
- PL 147/2025: Cria campanhas educativas nas escolas sobre os riscos da exposição precoce nas redes
Curiosamente, a discussão resgatou o fantasma da Lei FELCA (Fomento à Erradicação da Licenciosidade na Comunicação Audiovisual), aprovada em 2021 mas pouco regulamentada. "Temos leis ótimas que viraram letra morta", criticou o vereador Carlos Dias (PDT), sugerindo a criação de uma força-tarefa para fiscalização.
Entre a proteção e o exagero
Nem todo mundo aplaudiu. Alguns pedagogos alertam: "Proibir não educa. Precisamos discutir por que adultos consomem esse tipo de conteúdo infantilizado", rebateu a professora universitária Mariana Fonseca. Já nas ruas, a opinião parece dividida — enquanto mães comemoram, donos de escolas de dança temem "criminalização da arte".
Uma coisa é certa: Cuiabá virou epicentro de um debate nacional. E você, acha que essas medidas são necessárias ou exageradas? O fato é que, como diria minha avó, "melhor pecar por excesso de cuidado". Mas será?