Tatuadora baiana é acusada de furto em loja de Fortaleza e denuncia racismo: 'Revistaram só a mim'
Tatuadora baiana denuncia racismo em loja de Fortaleza

Imagine a cena: uma profissional das agulhas, mestra em transformar pele em arte, sendo tratada como criminosa no meio de um shopping. Foi o que aconteceu com a tatuadora baiana que preferiu não se identificar — e você já vai entender porquê.

Na última terça-feira (20), enquanto escolhia produtos numa loja de materiais artísticos em Fortaleza, a artista viveu o que chama de "revista seletiva". Segundo ela, seguranças a abordaram de forma agressiva, alegando que havia furtado itens. O detalhe? Ninguém mais na loja — e olha que estava cheia — foi sequer questionado.

"Só eu, a negra do local"

Entre tintas e pincéis, a profissional conta que percebeu olhares desconfiados desde que entrou. "Quando me vi cercada por dois seguranças, entendi na hora o jogo", desabafa. E completa, com a voz ainda trêmula: "Revistaram minha bolsa, meus bolsos, minha dignidade. Enquanto isso, um grupo de adolescentes brancos saía tranquilamente com mochilas enormes".

A loja, que prefere não se identificar (ironia das ironias), alega seguir protocolos de segurança. Mas aí vem a pergunta que não quer calar: protocolos ou preconceito embutido?

O depois do constrangimento

Nada foi encontrado com a tatuadora, claro. Mas o estrago estava feito. "Sai de lá me sentindo suja, como se realmente tivesse cometido algo errado", confessa. A situação foi tão absurda que até outros clientes — esses sim, não revistados — se solidarizaram.

O caso já está nas mãos de um advogado especializado em direitos civis. E olha só que curioso: a loja em questão tem um mural lindo sobre diversidade na entrada. Parece aquela história de "faça o que eu digo, não o que eu faço", não?

Enquanto isso, a artista baiana, que só queria comprar seus materiais de trabalho, agora carrega nas costas mais um episódio de racismo velado — desses que doem mais porque fingem que não existem.