
Numa decisão que reverbera como um soco no estômago da intolerância, o Tribunal de Justiça de São Paulo espetou o dedo na ferida: o Estado terá que desembolsar R$ 350 mil por ter perseguido — sem dó nem piedade — um grupo que celebrava a cultura negra nas ruas da capital.
A coisa aconteceu em 2022, mas o gosto amargo permanece. Um bando de agentes da lei, que deveriam proteger, resolveu importunar participantes de uma caminhada cultural no centro. Sem motivo. Sem explicação. Só porque sim.
O que deu errado?
Segundo os relatos — e a Justiça concordou —, a abordagem foi tudo menos profissional:
- Revistas vexatórias sem justificativa
- Intimidação gratuita
- Um clima pesado que transformou celebração em tensão
"Foi como se estivéssemos fazendo algo errado só por existir", contou um dos organizadores, ainda com a voz embargada. E o pior? Nenhum mandado. Nenhuma suspeita concreta. Só a velha e conhecida seletividade que mancha a história policial brasileira.
O veredito
Os desembargadores não só reconheceram o abuso como cravaram: houve "violação flagrante" dos direitos fundamentais. O valor da indenização — que não vai para bolsos individuais, mas para iniciativas antirracistas — manda um recado claro.
"Quando agentes públicos agem movidos por preconceito, o Estado paga a conta", resumiu um dos juízes, em frase que deveria estar em letras garrafais nos quartéis.
E agora?
A Secretaria de Segurança Pública — aquela que sempre promete mudanças — limitou-se ao velho "vamos analisar a decisão". Enquanto isso, os organizadores do evento respiram aliviados, mas sabem: essa vitória judicial é só um passo numa estrada longa e cheia de curvas.
Uma curiosidade? O caso ganhou força graças a vídeos que viralizaram nas redes sociais. Prova de que, nos dias de hoje, até a opressão pode ter testemunhas indesejadas.