Líder evangélico preso por abuso sexual de adolescentes por 6 anos no DF
Preso líder evangélico por abuso de adolescentes no DF

Um homem de 30 anos, líder de uma igreja evangélica no Guará, no Distrito Federal, foi preso na última sexta-feira. A prisão temporária, decretada pela Justiça local, tem duração de 30 dias e ocorreu na casa do suspeito. Ele é acusado de cometer abusos sexuais contra adolescentes do sexo masculino por um período de aproximadamente seis anos.

Modus operandi envolvia manipulação psicológica

De acordo com a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), as investigações revelaram um padrão sistemático de crimes cometidos entre 2019 e 2024. O suspeito, que não teve o nome divulgado, aproveitava sua posição de liderança religiosa para ter acesso às vítimas, que tinham entre 10 e 17 anos na época dos fatos.

Segundo a polícia, ele atuava como ministrante de cursos temáticos sobre sexualidade e 'integridade sexual' voltados para adolescentes. Nessa função, obtém informações íntimas e explorava vulnerabilidades emocionais dos jovens. O modus operandi, descrito em nota oficial, demonstrava um elevado grau de manipulação psicológica.

"O investigado convidava as vítimas para encontros individuais sob falsos pretextos, criando situações de isolamento. A progressão das condutas seguia um padrão identificado nas investigações, iniciando-se com aproximações aparentemente inofensivas e evoluindo gradualmente para toques em regiões íntimas, gerando dependência emocional e profundo sofrimento psíquico", informou a PCDF.

Investigação ampliada e medidas judiciais

Até o momento, quatro vítimas foram identificadas e outros oito casos estão sob investigação. Além da prisão temporária, a Justiça determinou o cumprimento de mandados de busca e apreensão. O suspeito também teve seus sigilos telemático e telefônico dos últimos cinco anos quebrados.

Foram ainda decretadas medidas protetivas, que incluem o afastamento imediato do suspeito das funções na igreja e a proibição de qualquer aproximação das vítimas. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do acusado, já que seu nome não foi divulgado pelas autoridades.

Posicionamento da igreja e contexto familiar

A Igreja Batista Filadélfia, onde os crimes teriam ocorrido, emitiu uma nota se manifestando sobre o caso. A instituição afirmou que o suspeito nunca foi pastor, atuando apenas como membro voluntário em funções de liderança do Ministério dos Adolescentes.

A nota também esclareceu que o acusado é filho do pastor presidente da igreja, mas garantiu que esse parentesco não interferiu e não interferirá nas medidas disciplinares adotadas internamente nem na colaboração com a polícia e a Justiça. A igreja negou qualquer omissão, tentativa de encobrir os fatos ou incentivo para que as famílias não procurassem as autoridades.

O caso ocorre em um momento em que as denúncias de abuso sexual infantil online no Brasil ganham destaque. Um relatório recente do órgão americano NCMEC (National Center for Missing & Exploited Children) posicionou o Brasil na sétima colocação no ranking de países com o maior número de denúncias recebidas pelas empresas americanas, atrás de nações como a Índia, que lidera a lista com mais de 2 milhões de relatórios.