
Numa reviravolta que mistura indignação e desconfiança, uma comunidade ribeirinha no coração da Amazônia levantou a voz contra uma organização não governamental. O motivo? O uso — digamos, "criativo" — de imagens dos moradores sem a menor cerimônia de autorização.
Parece que a tal ONG, que prefere ficar no anonimato (surpresa, surpresa), decidiu que fotos de crianças e famílias locais eram moeda de troca perfeita para angariar fundos. Só que esqueceu um detalhe: pedir permissão.
"É como se a gente virasse produto de prateleira"
Um dos líderes comunitários, que pediu para não ser identificado — afinal, quem confia em estranhos depois disso? — soltou a frase que resume o sentimento geral: "Do nada, aparecemos em campanhas que nunca autorizamos. Viramos vitrine de solidariedade de mentirinha."
E não foi coisa pequena. Segundo relatos, as imagens rodaram sites e redes sociais, acompanhadas de histórias meio... digamos, açucaradas demais sobre condições de vida que, pasmem, não batiam com a realidade.
O jogo virou
Quando a comunidade descobriu o esquema — graças a um morador que topou com a própria cara numa página de doações —, o estrago já estava feito. Mas agora a bola está com o Ministério Público, que recebeu a denúncia e promete investigar.
Entre os pontos mais espinhosos:
- Uso de imagens de menores sem consentimento
- Distorção das reais necessidades da comunidade
- Suspeitas sobre o destino real dos recursos
Não é de hoje que casos assim pipocam por aí. Mas esse tem um tempero a mais: a comunidade está organizada e disposta a ir até as últimas consequências. "Cansei de ser figurante na história dos outros", disparou uma das mulheres retratadas.
Enquanto a ONG não se manifesta — conveniente, não? —, o debate sobre ética no terceiro setor esquenta. Até onde vai o direito de usar imagens de populações vulneráveis? E quando a "boa causa" vira desculpa para práticas questionáveis?