
Imagine acordar um dia e descobrir que sua cidade está prestes a ficar completamente deserta de bancos. Pois é, essa foi a realidade que quase abateu Boraceia, no interior paulista, até a Justiça entrar em cena com uma decisão que mudou tudo.
Numa jogada de mestre – e um alívio e tanto para os moradores –, a Justiça determinou que a Caixa Econômica Federal, a única agência bancária da cidade, permaneça aberta por mais oito meses. Isso mesmo: oito meses de sobrevida garantidos por um juiz.
E olha, não foi por pouco. A agência já tinha até data marcada para encerrar as atividades: 30 de setembro. Mas um habeas corpus preventivo – desses que a gente só vê em filme – barrou o fechamento. A Defensoria Pública entrou com a ação, argumentando que o fechamento seria um golpe brutal na população, especialmente nos mais idosos e quem depende de benefícios sociais.
E de fato seria. Sem banco, como receber o auxílio? Como sacar dinheiro? Como pagar contas? A coisa ia feiar, e muito.
O drama por trás dos caixas eletrônicos
Boraceia não é uma daquelas metrópoles cheias de opções. Com pouco mais de 5 mil habitantes, a cidade tem naquela agência da Caixa sua única ligação com o sistema financeiro. Fechá-la seria como cortar o oxigênio financeiro do lugar.
– É uma situação crítica – comentou um morador, que preferiu não se identificar. – Muita gente aqui é idosa, não mexe em internet banking, não tem carro para ir pra outra cidade. O banco é vital.
E de fato, a defensoria pública alertou: sem a agência, os moradores teriam que se deslocar até Dois Córregos ou até Barra Bonita – uma viagem que pode chegar a 50 km. Só de pensar no transtorno…
O que diz a decisão?
O juiz Rafael de Carvalho Alunno, da 1ª Vara de Dois Córregos, não só concedeu a liminar como foi enfático: a União e a Caixa Econômica Federal são now obrigadas a manter a agência funcionando até pelo menos 19 de maio de 2026.
Além disso, a decisão judicial exige que sejam mantidos todos os serviços – incluindo o tão essencial atendimento ao público. Nada daquela história de “ah, vamos deixar só o caixa eletrônico”. Tem que ter gente lá, atendendo, resolvendo problema, olho no olho.
Ah, e tem mais: a Caixa também foi notificada a informar todos os clientes sobre a decisão. Nada de deixar ninguém na ignorância.
E agora, o que esperar?
Os próximos oito meses serão decisivos. A expectativa é que a Caixa e a União usem esse tempo para encontrar uma solução definitiva – quiçá permanente – para não deixar Boraceia na mão. Pode ser um acordo, uma nova unidade, quem sabe uma parceria com correspondentes bancários mais robustos.
Uma coisa é certa: a mobilização da defensoria e a rápida resposta do Judiciário mostraram que, quando a comunidade se une, o sistema responde. Até mesmo em cidades pequenas, longe dos holofotes dos grandes centros.
Por enquanto, a ordem é comemorar. E torcer para que, daqui a oito meses, a notícia seja ainda melhor.