Imagine viver a mais de 800 quilômetros de Belém, numa região onde o acesso à Justiça parece mais teoria do que realidade. Pois é exatamente essa distância — física e simbólica — que o programa Justiça Itinerante do Tribunal de Justiça do Pará (TJPA) decidiu encurtar nesta semana.
Santa Maria das Barreiras, município com pouco mais de 20 mil habitantes no sul do estado, recebeu pela primeira vez a estrutura completa do judiciário paraense. E olha, não foi pouco não: juízes, defensores públicos, promotores e servidores montaram um verdadeiro mutirão de cidadania.
Os números impressionam:
- Mais de 500 atendimentos realizados
- Documentos essenciais emitidos na hora
- Conflitos familiares mediados
- Orientações jurídicas para quem nunca tinha acesso
O desembargador Leonardo de Noronha Tavares, coordenador do programa, não esconde o orgulho: "É ver nos olhos das pessoas que estamos fazendo a diferença. Muitas nunca tinham conversado com um juiz na vida".
E não para por aí — a defensora pública Juliana Freitas ressaltou algo que muita gente esquece: às vezes, o problema não é a falta de direitos, mas sim o desconhecimento de que eles existem. "Muitos conflitos se resolvem com informação, com orientação. E é isso que estamos trazendo".
Além dos documentos: a transformação real
Teve de tudo um pouco: reconhecimento de paternidade, retificação de documentos (aquele sobrenome que sempre veio errado, sabe?), pensões alimentícias e até questões de posse de terra — tema sensível numa região de forte atividade agrícola.
O mais interessante? A maioria dos processos foi resolvida na hora, sem necessidade de judicialização. Como se diz por aí: melhor prevenir do que remediar.
E claro — a prefeitura local entrou na dança, oferecendo transporte gratuito para comunidades rurais. Porque de que adianta ter o serviço disponível se não consegue chegar até ele?
O que fica depois que a estrutura é desmontada?
Essa é a pergunta que não quer calar. Programas itinerantes são fantásticos, mas a necessidade é permanente. O TJPA garante que esta é só a primeira de muitas visitas — até porque a demanda superou todas as expectativas.
Moradores já perguntam quando a "Justiça móvel" volta. E isso talvez seja o maior indicador de sucesso: não carimbamos documentos, construímos esperança.
Enquanto isso, Santa Maria das Barreiras volta à sua rotina — mas agora com centenas de cidadãos um pouco mais leves, com problemas resolvidos e documentos finalmente em dia.
