
Parece que a coragem tem um preço alto demais em alguns lugares do mundo. Zhang Zhan, aquela repórter chinesa que não ficou quieta quando a pandemia começou a mostrar sua cara mais feia, acaba de levar mais uma pancada judicial. Quatro anos de prisão - é isso mesmo que você leu.
Lembra-se do início de 2020? Enquanto o mundo tentava entender o que estava acontecendo em Wuhan, Zhang resolveu fazer o trabalho de verdade: mostrou o que os canais oficiais não mostravam. Hospitais lotados, pessoas desesperadas, a realidade nua e crua. E olha, não deu outra.
Uma história que se repete
O curioso - ou trágico, depende do ponto de vista - é que essa não é a primeira vez que Zhang pisa nesse campo minado. Em 2020, ela já havia sido detida por "provocar confusão e problemas". Agora, a justiça chinesa afirma que a jornalista "perturbou a ordem social".
Mas vamos combinar: em tempos de pandemia, não seria melhor ter transparência do que ordem às custas da verdade?
O preço da verdade
Os detalhes são tão surreais que parecem tirados de um romance distópico. Zhang estava sob liberdade condicional desde 2022, depois de cumprir parte de uma sentença anterior de quatro anos. A saúde dela, diga-se de passagem, está bastante fragilizada - chegou a fazer greve de fome para protestar contra as condições da prisão.
E agora isso. A defesa alega que a nova acusação é, basicamente, uma forma de mantê-la silenciada por mais tempo. A promotoria, claro, vê a coisa de outro jeito.
Reações internacionais
Não é só aqui no Brasil que o caso está causando espanto. Organizações de direitos humanos ao redor do mundo já se manifestaram. A Anistia Internacional, por exemplo, classificou a situação como "profundamente preocupante".
Mas a China segue seu curso. O governo mantém que as ações foram necessárias para "proteger a saúde pública" durante a pandemia. Uma justificativa que, convenhamos, soa um tanto quanto conveniente.
O que me deixa pensando: até que ponto a segurança pública pode ser usada como desculpa para calar vozes dissidentes? É uma linha tênue, sem dúvida.
O que esperar do futuro?
Enquanto isso, a família de Zhang vive um verdadeiro drama. Eles praticamente não têm informações sobre seu estado de saúde atual. A comunicação é restrita, o acesso é limitado - é como se ela tivesse simplesmente desaparecido no sistema.
O caso Zhang Zhan virou um daqueles símbolos complicados. De um lado, uma jornalista teimosa que insiste em contar o que vê. Do outro, um governo que não admite ser questionado. No meio, uma pandemia que mudou o mundo.
Resta saber se a comunidade internacional vai além das palavras de preocupação. Por enquanto, Zhang segue pagando o preço por acreditar que a verdade deveria vencer acima de tudo.