Grito dos Excluídos toma as ruas do Recife: milhares protestam por direitos e justiça social
Grito dos Excluídos leva milhares às ruas do Recife

Não era uma manhã qualquer no Recife. Logo cedo, o centro histórico - aquele que guarda nas pedras do caminho memórias de tantas lutas - começou a ecoar com um som familiar, mas nunca menos urgente. O Grito dos Excluídos, ah, esse velho conhecido das ruas brasileiras, voltou com tudo. E desta vez, parecia carregar uma energia ainda mais pulsante.

Milhares. É difícil contar gente movida por esperança, mas eram muitos mesmo. De todos os cantos, de todas as idades. Trabalhadores rurais com as mãos calejadas, mães com filhos no colo, jovens com faixas pintadas à mão. Uma mistura impressionante de cores, vozes e causas que, no fundo, se resumem a uma só: o direito a uma vida digna.

O que ecoava pelas ruas?

Não era um murmúrio, era um coro. E se você parasse para escutar, ouvia as demandas se entrelaçando:

  • Pão no prato e respeito: O básico que, para muitos, ainda é um luxo. O direito à alimentação decente virou grito de guerra.
  • Teto sobre a cabeça: Moradia não é favor, é necessidade primordial - e isso foi lembrado a plenos pulmões.
  • Saúde que funcione: Um SUS forte e acessível foi uma das bandeiras mais repetidas, e com razão, não?
  • Educação de verdade: Escolas públicas de qualidade para formar cidadãos, não apenas números.

E tinha mais, muito mais. A defesa ferrenha dos serviços públicos, aquele ódio visceral à corrupção que drena os recursos de todos nós, e um apelo - quase um desespero - por mais empregos formais. Coisas tão simples, tão fundamentais, que chegam a doer por ainda precisarem ser exigidas.

Não foi passeio no parque

Organizar uma manifestação dessa magnitude é como tentar dirigir um furacão. A Polícia Militar, é claro, estava lá. De olho, controlando o fluxo, fechando ruas. O trânsito na área central simplesmente parou - imagina o humor dos motoristas que não estavam a par do evento. Mas, pelo que se soube, tudo transcorreu na mais absoluta paz. Nada de confusão, apenas a energia contida de quem luta com palavras e cartazes, não com violência.

E sabe o que é mais incrível? Essa não foi uma voz isolada. Enquanto o Recife fervia, ecoos similares aconteciam em outras cidades do estado. Parece que o povo acordou com o mesmo sentimento de urgência.

Um recado que não pode ser ignorado

O Grito dos Excluídos, no fim das contas, é isso. Mais que uma marcha, é um lembrete. Um alerta sonoro de que uma parcela enorme da população se sente à margem das decisões, esquecida pelas políticas que realmente importam. É a constatação de que a desigualdade não é um número num gráfico, é a realidade nua e crua de milhões.

O evento deste ano, com sua força impressionante, deixa uma pergunta pairando no ar: quem, de fato, está ouvindo? Porque o grito está cada vez mais alto. Resta saber se ele encontrará, finalmente, ouvidos dispostos a escutar.