
Era pra ser um lugar de acolhimento, mas virou palco de exclusão. Em Santarém, no oeste do Pará, uma diretora escolar está no centro de uma tempestade – e não é qualquer uma. O Ministério Público Federal (MPF) soltou na quarta (23) uma recomendação bombástica: quer ela fora do cargo. Motivo? Racismo institucional contra crianças Munduruku.
Não foi um deslize, não. Segundo as investigações, a gestora teria criado um verdadeiro sistema de segregação. Os pequenos indígenas eram tratados como cidadãos de segunda classe – sem acesso aos mesmos materiais, atividades e até ao respeito básico que qualquer aluno merece.
O que deu errado?
Detalhes do caso deixam qualquer um com os cabelos em pé:
- Turmas separadas dos demais estudantes
- Falta de adaptação curricular à realidade indígena
- Piadas e comentários depreciativos sobre a cultura Munduruku
"É como se a escola tivesse duas portas: uma dourada para uns, outra enferrujada para os indígenas", comentou um professor que pediu anonimato. A situação, segundo ele, vinha se arrastando há meses.
Reação do MPF
O procurador responsável pelo caso não mediu palavras. Chamou a situação de "vergonhosa" e "inaceitável no século XXI". A recomendação do órgão é clara: afastamento imediato da diretora e implementação urgente de políticas antirracistas.
Mas sabe como é? O MPF não tem poder para demitir – só para sugerir. A bola agora está com a Secretaria de Educação, que tem 15 dias para se pronunciar. Enquanto isso, a comunidade Munduruku segue em alerta.
"Nossas crianças merecem respeito", disse uma liderança indígena à reportagem, com a voz embargada. "Elas não são menos que ninguém."
O outro lado
Procurada, a diretora não se manifestou até o fechamento desta matéria. A Secretaria Municipal de Educação limitou-se a dizer que "analisa o caso com a seriedade que merece". Frase pronta que, convenhamos, não acalma ninguém.
Enquanto os trâmites burocráticos seguem seu curso, pais e alunos Munduruku fazem coro: querem justiça – e uma escola que, de fato, eduque para a diversidade, não para o preconceito.