Numa decisão que chocou defensores de direitos humanos mundo afora, um tribunal na Indonésia aplicou uma sentença digna de séculos passados. Dois homens — cujas identidades foram preservadas — receberam 80 chibatadas cada. O crime? Terem sido pegos trocando beijos e abracinhos em plena luz do dia.
A província de Aceh, onde o caso ocorreu, é a única região da Indonésia que aplica a sharia (lei islâmica) em toda sua... digamos, "glória" medieval. Lá, relações entre pessoas do mesmo sexo são consideradas criminosas. E não pense que é só multa ou serviço comunitário — estamos falando de castigo físico, daqueles que deixam marcas.
O que exatamente aconteceu?
Segundo relatos, a dupla foi denunciada por vizinhos — porque, claro, em pleno 2024, ainda tem gente que acha que amor alheio é da sua conta. A polícia local agiu rápido: os dois foram detidos e, depois de um julgamento que mais pareceu uma farsa, condenados.
A execução da pena foi pública, como manda a tradição. Uma multidão se reuniu para... bem, vamos chamar de "espetáculo macabro". Enquanto os homens recebiam as chibatadas, alguns espectadores filmavam com celulares. Outros aplaudiam. O século XXI nunca pareceu tão distante.
E a reação internacional?
Grupos de direitos LGBT+ já soltaram notas de repúdio. Mas a Indonésia, que não é exatamente conhecida por sua abertura progressista, parece pouco preocupada com opiniões externas. O governo central — que teoricamente não endossa essas práticas — faz vista grossa para Aceh, que tem certo grau de autonomia.
Não é o primeiro caso do tipo, e infelizmente, dificilmente será o último. Só no ano passado, pelo menos cinco pessoas foram condenadas a chibatadas por "homossexualidade" na região. Os números reais podem ser maiores — muitas vítimas preferem o silêncio ao constrangimento público.
Enquanto isso, em boa parte do mundo ocidental, casais do mesmo sexo podem se casar, adotar filhos e viver suas vidas em paz. Mas em certos cantos do planeta, um simples beijo ainda pode custar caro. Muito caro.
