
O clima nos Estados Unidos, pelo menos no que diz respeito à celebração da cultura latina, está longe de ser festivo. E a razão tem nome e sobrenome: Donald Trump. A ameaça real de uma nova e agressiva campanha de deportações, prometida pelo ex-presidente em sua campanha eleitoral, já começou a mostrar suas garras de uma forma bastante concreta – e triste.
Organizadores de eventos por todo o país estão, simplesmente, jogando a toalha. A decisão não é por falta de público ou verba, mas por puro temor. O medo de que famílias inteiras, que formam o público desses festivais, evitem sair de casa com receio de serem detidas e, pior, separadas.
Um silêncio que fala mais alto que a música
Imagine a cena: praças que costumavam vibrar com salsa, cumbia e bachata, agora vazias. Barracas de comida fechadas. Esse é o panorama que se desenha para o verão norte-americano. A retórica inflamada, que promete buscas em massa e expulsões aceleradas, está silenciando justamente a vibração que essas comunidades trazem para o tecido social dos EUA.
E olha, não é exagero. É um cálculo cruel de sobrevivência. Muitos imigrantes, mesmo aqueles com situação legal em dia, estão optando pela discrição. Afinal, quem quer arriscar um mal-entendido em um local de grande aglomeração?
O preço da incerteza
Para além do impacto cultural – que já é enorme –, a economia local sente o baque. Esses eventos movimentam milhões: vendedores, seguranças, músicos, equipes de produção. Uma cadeia inteira que depende da festa para sobreviver vê seu sustento escorrer por entre os dedos. Tudo isso por conta de uma promessa de campanha que, diga-se de passagem, já mostrou suas consequências em mandatos anteriores.
Parece que a sombra de políticas migratórias severas consegue ser mais longa do que se imaginava, alcançando até mesmo a alegria contagiante de um festival. Uma pena, não é mesmo? O que era para ser um espaço de união e celebração da diversidade se transforma em mais um campo de tensão e apreensão.
Resta torcer para que a sensibilidade prevaleça, mas, pelo andar da carruagem, o verão nos EUA promete ser bem mais quieto – e cinza – para as comunidades latinas.