Brasileiros nos EUA: O drama de quem sai para trabalhar sem saber se voltará para casa
Brasileiros nos EUA: medo de não voltar para casa

Era terça-feira comum em Boston quando Carla* acordou às 4h30 da manhã, como sempre faz há sete anos. Mas dessa vez, algo diferente pesava no ar — um medo que não existia antes. "Hoje saio sem saber se vou conseguir voltar", confessou, enquanto arrumava o uniforme de limpeza. Não é drama, é matemática simples: desde que as novas regras entraram em vigor, três colegas desapareceram do radar.

O jogo virou

Nos últimos meses, o que era rotina virou roleta-russa. Os agentes de imigração agora patrulham até os estacionamentos de shopping centers — lugares que antes eram considerados "seguros". E os brasileiros? Viraram alvo fácil, segundo ativistas.

"A gente virou número, só isso", desabafa Marcos, pedreiro que trabalha na Flórida há uma década. Ele tem um filho americano de 8 anos que pergunta toda noite: "Pai, você vai estar aqui amanhã?"

Números que doem

  • Deportações de brasileiros aumentaram 140% no último trimestre
  • 62% dos entrevistados relatam ansiedade crônica
  • Famílias estão criando "planos de emergência" para os filhos

O pior? Muitos nem cometem infrações graves. Basta uma blitz de trânsito mal-intencionada — e pronto, o sonho americano vira pesadelo em questão de horas. "Eles usam qualquer desculpa", denuncia a advogada Renata Silva, que já atendeu mais de 200 casos este ano.

O outro lado da moeda

Claro que há quem defenda as medidas. "Leis são leis", argumenta o deputado estadual John Carter (nome fictício), um dos principais apoiadores da política atual. Mas será que essas leis levam em conta pessoas como Maria, que limpou hospitais durante a pandemia e agora vive escondida?

Enquanto isso, nas comunidades brasileiras, o clima é de luto antecipado. Festas de aniversário ganharam um gosto amargo — cada abraço pode ser o último. E os empregadores? Muitos fingem que nada mudou, mas os salários atrasam com frequência suspeita.

No fim do dia, o que resta é uma pergunta sem resposta: até quando o preço do "sonho americano" vai continuar sendo pago em lágrimas?