
Parece que a velha máxima de que política e economia não se misturam está indo por água abaixo. E como! Donald Trump, em sua característica maneira bombástica, resolveu colocar a boca no trombone contra Lisa Cook, uma das diretoras do Federal Reserve. A coisa tá feia, gente.
Não é de hoje que Trump critica o Fed — lembra das investidas contra Jerome Powell? — mas dessa vez o tom é diferente. Mais agressivo, mais pessoal. E o timing? Péssimo. O mundo econômico já tá de cabelo em pé com a inflação teimosa que não dá trégua.
O que está em jogo na briga política?
Trump basicamente acusa Cook de ser "mole demais" com a política monetária. Quer que ela pise no freio dos juros, mesmo com os indicadores econômicos mostrando que a inflação ainda respira por aí. É aquela velha história: presidente quer crescimento a qualquer custo, Fed preza pela estabilidade.
O problema é que essa pressão pública — e diga-se de passagem, bastante incomum — pode minar a credibilidade da instituição. O Fed precisa ser visto como independente, senão o mercado perde a confança e... bem, todo mundo sabe no que dá.
E o Brasil com isso?
Pois é. A gente aqui do outro continente pode achar que não tem nada a ver com a briga, mas tem, e muito. O Fed é como o capitão do navio da economia global — quando ele balança, todas as outras embarcações sentem o mar bravio.
- Dólar nas alturas: Se o Fed perder credibilidade, o dólar pode disparar. E adivinha quem paga a conta? Nós, com importações mais caras e inflação importada
- Juros globais: Qualquer sinal de hesitação do Fed pode fazer os juros internacionais subirem, pressionando o Banco Central do Brasil a manter os juros altos por mais tempo
- Fuga de capitais: Instabilidade nos EUA sempre significa dinheiro fugindo de mercados emergentes como o nosso
Não é exagero dizer que as discussões em Washington podem definir se o seu financiamento imobiliário vai ficar mais caro ou não no próximo semestre.
Os possíveis cenários
Os economistas estão divididos — uns acham que Lisa Cook vai segurar a onda e manter a postura técnica, outros temem que a pressão política possa surtir efeito. O meio-termo? Talvez um Fed mais hesitante, que demore mais para tomar decisões cruciais.
E tem outra coisa: Trump não é presidente ainda, mas está liderando nas pesquisas. Se ele voltar à Casa Branca, essa pressão sobre o Fed tende a aumentar exponencialmente. Aí, meu amigo, a coisa pode ficar realmente feia.
O Banco Central do Brasil já deve estar fazendo simulações. Afinal, dependendo de como essa novela se desenrolar, nosso Copom pode ter que fazer malabarismos ainda maiores para controlar a inflação sem estrangular o crescimento.
No fim das contas, a lição é sempre a mesma: quando os gigantes brigam, os anões se machucam. E o Brasil, infelizmente, ainda é um anão na economia global. Fica o alerta.