
Quem diria que aquelas bananas maduras — aquelas mesmas que a gente quase deixa passar do ponto na fruteira — poderiam virar ouro em forma de bombom? Pois é exatamente isso que acontece numa cozinha-fábrica em São Pedro, no Espírito Santo, onde o cheiro de cacau e banana caramelizada se mistura com grandes sonhos.
"Começamos fazendo pra presentear os amigos no Natal", conta o casal de empreendedores, enquanto me mostra um tablete de chocolate com textura que derrete na boca. "Aí virou febre local, e agora... bem, o mundo tá na mira."
Da feira livre para o exterior
O pulo do gato? Eles usam só bananas da região — aquelas que os grandes distribuidores rejeitam por pequenos defeitos estéticos. "É doce que não precisa de desculpas", brinca a sócia, mostrando a embalagem artesanal que já ganhou prêmios de design.
O plano de exportação, diga-se, não é conversa de buteco:
- Parceria com cooperativa local para aumentar produção sem perder qualidade
- Certificações internacionais obtidas mês passado (isso custou noites sem dormir)
- Primeiros contatos com importadores na Europa — os alemães, dizem, já estão babando
Curiosidade: a receita leva um toque secreto de especiarias que remetem às raízes capixabas. "Mas essa parte a gente só revela depois da patente", riem os donos, num misto de orgulho e cautela típico de quem transformou paixão em negócio.
O sabor do sucesso
Enquanto isso, na feirinha orgânica de Vitória, os clientes fiéis já sentem falta dos bombons — "Tá sumido, hein?" — sem saber que a produção inteira agora vai pra encomendas de atacado. "É bittersweet", confessa um dos fundadores, usando um trocadilho não intencional. "Mas quem sabe a gente não volta com uma linha premium?".
Detalhe que encanta: cada embalagem traz um QR code contando a história da banana usada — de qual sítio veio, quem colheu. "Queremos que seja uma experiência, não só um docinho", explicam, enquanto arrumam as últimas caixas com o carinho de quem embala herança de família.